2025: O Ano de Todos os Desafios para a União Europeia

por: Simon Ben-David

O Brexit como sinal de alerta

O Brexit foi a primeira grande machadada na União Europeia. Não porque tenha sido um golpe fatal, mas porque revelou as vulnerabilidades da União e serviu como um sinal de alerta de que o projeto europeu não está imune a divisões internas e externas. A saída do Reino Unido expôs os desafios da coesão política, económica e social dentro da União Europeia e destacou o risco de uma crescente desilusão dos cidadãos europeus com o projeto de integração.

A longo prazo, o Brexit será visto como o início de um período de introspeção para a União Europeia, que terá de lidar com as suas fragilidades internas e com o crescente populismo, para garantir que a sua unidade e relevância possam ser preservadas. O impacto do Brexit não desapareceu com a assinatura dos acordos de saída ou a implementação do novo regime de relações comerciais, mas perdura como um lembrete de que a União Europeia, enquanto projeto, terá de ser constantemente defendida e renovada face às ameaças internas e externas que surgem com cada novo desafio global.

Em 2025, a União Europeia enfrentará desafios sem precedentes que poderão testar não só a sua coesão interna, mas também a sua capacidade de manter a sua relevância no cenário global. São três os elementos-chave do panorama político e geopolítico que atacam diretamente a UE - o trio composto por Vladimir Putin, Elon Musk/Donald Trump, e as forças das extremas-direitas europeias - estarão em posições estratégicas para fragilizar os valores fundadores da UE, distorcendo e, em alguns casos, destruindo os seus objetivos. A integração europeia, que tanto custo e esforços exigiu na sua construção, poderá estar à beira de um precipício, dado o ataque coordenado de forças internas e externas que não veem com bons olhos a continuação deste projeto comum.

Putin grande ameaça

A primeira grande ameaça à União Europeia em 2025 vem de fora: Vladimir Putin e a Rússia. Desde a invasão da Ucrânia em 2022, a Rússia tem sido uma presença constante de instabilidade nas fronteiras da UE. Putin, ao ameaçar e desestabilizar os países vizinhos e ao fomentar conflitos na Europa Oriental, busca enfraquecer a unidade e a capacidade de resposta da União Europeia.

A sua estratégia, alimentada por um desejo de restaurar a grandeza da Rússia e reverter o que considera uma humilhação histórica com o colapso da União Soviética, é clara: semeia divisão entre os países da União Europeia, seja por meio de campanhas de desinformação, ameaças energéticas ou apoio a movimentos populistas e de extrema-direita. Em 2025, a Rússia provavelmente continuará a atacar a coesão interna da UE, incentivando as divisões entre os membros mais antigos e os países do Leste Europeu, usando as suas armas económicas e políticas para fragilizar a resistência à sua agressão.

Putin procura dividir a União, oferecendo alternativas autoritárias e regímenes alternativos de poder que possam enfraquecer a integridade política e económica da Europa. Este ataque indireto à democracia e aos valores fundamentais da UE é uma ameaça contínua, e é de se esperar que a sua influência seja cada vez mais perigosa à medida que os anos passam.

Musk e Trump: O ressurgimento do populismo e da divisão transatlântica

Se a Rússia de Putin é uma ameaça vinda do exterior, do outro lado do Atlântico, o populismo e as tensões internas dos Estados Unidos, personificadas por figuras como Elon Musk e Donald Trump, representam uma outra vertente do ataque às fundações da União Europeia. Em 2025, tanto Musk quanto Trump estarão em posições de grande influência, e a sua visão de um mundo descentralizado e voltado para interesses pessoais e corporativos poderá ser um catalisador de grandes mudanças no panorama global, afetando diretamente a relação transatlântica entre os EUA e a UE.

Donald Trump, com o seu regresso à política americana e a sua popularidade crescente entre os sectores mais conservadores e populistas, tem demonstrado um desdém claro pela união global e pelos esforços cooperativos como a União Europeia. Sob a sua liderança, os EUA poderão continuar a ser uma força desestabilizadora, não apenas no cenário internacional, mas também no seio da própria Europa, especialmente se tiver apoio de movimentos de extrema-direita em países membros da UE.

Elon Musk, uma figura sinistra e odiosa a todos os níveis, por sua vez, representa uma ameaça mais subtil, mas igualmente grave. A sua crescente influência como magnata tecnológico e empresário pode minar a coesão e a autonomia da União Europeia. Com os seus planos de colonização espacial e a dominação da economia digital, Musk tem demonstrado que está mais interessado num mundo corporativo fragmentado e sem fronteiras do que na continuidade de alianças políticas ou económicas globais. As suas iniciativas e o seu poder, aliado ao da sua rede de aliados empresariais e políticos, têm o potencial de enfraquecer o papel da UE em questões globais cruciais, como a regulação tecnológica e o comércio digital, deixando-a vulnerável aos interesses privados de grandes corporações. A intromissão de Musk na política interna do reino Unido passará por doações financeiras ao Partido Brexit, fundado por Nigel Farage, além do apoio que faz através da rede X. Relativamente à Alemanha que irá ter eleições brevemente a 23 de fevereiro o apoio de Musk é ainda mais evidente. AfD (Alternative für Deutschland) é apoiado por Musk através da rede X, onde declarou que "só a AfD pode salvar a Alemanha", numa clara interferência nas eleições alemãs.

Extremas-direitas europeias: A ameaça interna

O terceiro grande desafio para a União Europeia em 2025 vem de dentro: as forças da extrema-direita que crescem a cada eleição em muitos países europeus. Estes movimentos, alimentados por um discurso anti-imigração, anti-globalização e nacionalista, procuram desmantelar a União Europeia desde dentro. A sua retórica contra a "supranacionalidade" e a "burocracia de Bruxelas" é cada vez mais popular, especialmente entre aqueles que se sentem deixados para trás pela globalização e pelas crises económicas.

Em 2025, as forças da extrema-direita, com figuras como Marine Le Pen em França, Viktor Orbán na Hungria e Matteo Salvini na Itália, estarão provavelmente mais alinhadas e mais poderosas do que nunca. O seu objetivo é claro: enfraquecer as instituições europeias, retirar o poder de Bruxelas e devolver o controle das políticas internas aos estados-nação. Se conseguirem ganhar mais influência, e o futuro da União Europeia poderá estar comprometido, já que estas forças exigem a renegociação ou até a dissolução de algumas das suas políticas mais fundamentais, como a livre circulação de pessoas, a justiça social e o estado de direito.

A ascensão destas forças de extrema-direita é uma ameaça interna muito real. A sua capacidade de polarizar a opinião pública, dividir os cidadãos e enfraquecer as instituições democráticas da UE é uma das maiores ameaças à unidade e ao projeto europeu. Em um momento de crescente radicalização política, os líderes europeus terão que enfrentar um dilema: como manter a integridade da União Europeia diante do crescente apelo à soberania nacional e ao protecionismo?

O que está em jogo?

O que está em jogo em 2025 não é apenas a sobrevivência da União Europeia, mas a própria noção de democracia e cooperação internacional. Se os três elementos - Putin, Musk/Trump e as forças da extrema-direita - conseguirem minar os objetivos da União Europeia, o continente poderá sofrer um retrocesso dramático nas suas conquistas de paz, prosperidade e estabilidade que tem construído nas últimas décadas.

Para a União Europeia, 2025 será o ano decisivo em que a sua capacidade de resistir a esses desafios será posta à prova. Para vencer, a UE terá de se reinventar, afirmando a sua relevância política e económica num mundo cada vez mais fragmentado e polarizado. O caminho para o futuro exigirá não só um reforço da sua unidade interna, mas também uma postura mais firme na defesa dos seus valores e objetivos face às ameaças que surgem do exterior e do interior.

Em suma, 2025 será o ano em que a União Europeia terá de provar que ainda é capaz de resistir às forças que querem destruí-la ou desvirtuá-la. O desafio é grande, mas a sua sobrevivência é fundamental para o futuro da paz, da prosperidade e da democracia na Europa.

Forças Armadas Da Europa: A inexistência um erro que pode ser fatal

Apelo Urgente: A Defesa da União Europeia é uma Luta de Todos Nós

Chegou o momento decisivo, o ponto de inflexão em que cada um de nós deve questionar-se sobre o futuro da nossa casa comum: a União Europeia. O sonho de uma Europa unida, construída com o suor e as esperanças de gerações passadas, está a ser ameaçado como nunca antes. A nossa União, que trouxe paz e prosperidade a um continente dividido e devastado pela guerra, encontra-se agora à beira do abismo. E se queremos que este projeto não desapareça, que as suas conquistas não sejam varridas pela onda crescente do populismo, nacionalismo e extremismos, então está na hora de agir.

A União Europeia não é uma ideia abstrata, nem uma burocracia distante. A União Europeia somos todos nós – cidadãos, trabalhadores, famílias, jovens, idosos. A nossa capacidade de viver livres de guerras, de transitar livremente por todo o continente, de ter acesso a um mercado único que nos permite crescer e prosperar, depende da nossa vontade de proteger o que conquistámos. No entanto, esta conquista não está garantida. A UE está a ser atacada por dentro e por fora.

Vladimir Putin, com a sua guerra brutal na Ucrânia, não esconde o seu objetivo de dividir e enfraquecer a Europa. Ele sabe que, se conseguir semear a discórdia, a Europa perderá a sua força. Mas ele não está sozinho. O populismo, a extrema-direita e os movimentos nacionalistas em todo o continente estão a minar as bases da nossa união. Em nome de promessas vazias de "soberania nacional" e de "voltar ao passado", eles estão a tentar destruir os alicerces da nossa paz, da nossa democracia, da nossa solidariedade. E, o mais alarmante, estão a ganhar terreno. O Brexit foi apenas o primeiro golpe, uma ferida que ainda sangra, uma lição de que, se não nos unirmos, podemos cair.

Agora, mais do que nunca, a nossa resposta deve ser clara: defendamos a União Europeia, porque, sem ela, o futuro é mais que incerto. Não há mais tempo para indiferença ou passividade. A luta pela defesa da UE não é apenas uma luta política, é uma luta pela nossa liberdade, pela nossa dignidade, pelo nosso direito a um futuro comum. Cada vez que viramos a cara, cada vez que permitimos que a retórica do ódio e da divisão ganhe força, estamos a deixar que a nossa União se desfaça aos poucos.

A defesa da União Europeia não é tarefa apenas dos governos ou das instituições em Bruxelas. É uma responsabilidade de cada cidadão europeu. De cada um de nós, que beneficiamos diariamente dos direitos e das liberdades que a União nos garantiu. Precisamos de levantar a nossa voz contra aqueles que querem dividir-nos, contra aqueles que pregam o medo e a intolerância. Precisamos de rejeitar a falsa promessa de que o isolamento e o nacionalismo são a resposta. Precisamos de defender a nossa união, que é, antes de tudo, um pacto de paz, de cooperação, de solidariedade.

A União Europeia não é perfeita. Tem falhas, tem desafios, mas também tem a capacidade única de corrigir-se e de evoluir. Se queremos uma Europa mais forte, mais justa, mais inclusiva, temos de trabalhar nela, não contra ela. Temos de nos unir, como nunca antes, para lutar contra aqueles que querem ver a nossa casa desfeita, para garantir que a nossa geração e as próximas possam continuar a viver num continente livre, próspero e unido.

Esta não é uma questão de escolha, é uma questão de sobrevivência. O destino da União Europeia está nas nossas mãos. Se não tomarmos posição agora, corremos o risco de assistir à sua queda, à destruição dos nossos direitos, à fragmentação da nossa paz. Não permitamos que isso aconteça. Levantemo-nos e defensamos a União Europeia com toda a nossa força, com toda a nossa determinação. O futuro da Europa depende de nós!

De acordo com os dados de 2022 publicados pelo Eurobarómetro, a grande maioria dos cidadãos da UE (81%) é a favor de uma política comum de segurança e defesa, com pelo menos dois terços a apoiá-la em cada país. Cerca de 93% concordam que os países devem agir em conjunto para defender o território da UE, enquanto 85% pensam que a cooperação em matéria de defesa deve ser reforçada ao nível da UE
A guerra da Rússia contra a Ucrânia sublinhou a necessidade de a UE reforçar a sua estratégia de defesa e acelerar a produção de armas. Sem forças armadas e na dependência de gente como Trump e Musk, a segurança europeia enfrenta sérios riscos.