A Guerra Híbrida na Roménia

por Simon Ben-David

Pela primeira vez a Rússia perde uma Guerra Hibrida na Europa

Será que finalmente a UE e a Europa compreendem como combater a Rússia?
A decisão histórica do Tribunal Constitucional da Roménia em anular os resultados da primeira volta das eleições presidenciais de 2024 é uma vitória numa batalha contra interferência sistemática do Rússia nas eleições no Ocidente. A Rússia, um país onde as eleições são uma farsa total, depois de Putin ter alterado e adulterado a constituição, no sentido de se perpetuar no poder, e onde todos os opositores mesmo no estrangeiro são assassinados, acha que tem o direito de falsificar eleições por esse mundo fora, através de um conjunto de manonas que descrevemos, no nosso artigo "
A guerra híbrida da Rússia ". Leia o artigo.

A Europa já entendeu o que é a guerra hibrida russa, e tem implementado mecanismos de defesa contra este tipo de ofensivas, que são sempre poucos face à agressão russa, que se renova permanentemente. O que não tinha ainda acontecido, foi uma tomada de decisão rápida e em tempo oportuno, quando as manobras de falsificação de umas eleições democráticas são detetadas. Por isso o momento é verdadeiramente histórico. A batalha foi ganha, mas a guerra não. A Rússia vai continuar a tentar falsificar as eleições da Roménia, as de Portugal e de todos os países europeus. Que ninguém duvide.

E em Portugal? Sim, a guerra hibrida da Rússia está em marcha. A extrema-direita em geral e certos comentadores de televisão são a face visível da guerra no país. Alguns ex-militares, agora promovidos pelas televisões a comentadores especialistas de guerra, (alheia) , dizem-nos que sabem tudo e os pormenores da guerra, sempre comentando a favor das miseráveis, infames e assassinas guerras que a Rússia vai impondo aos outros povos, não só na Ucrânia, na Síria e em muitos países africanos onde estão presentes. São estes partidos e indivíduos os ponta de lança da guerra hibrida da Rússia em Portugal.

Ficou também claro que é possível vencer a Rússia e o alerta de como é necessário não hesitar, e atuar imediatamente logo que são detetadas as manobras russas. Fiquemos todos avisados e atentos pois vai chegar a nossa vez, em futuras eleições, a Rússia vai fazer o que lhe for possível para alterar resultados. Portugal não é um país qualquer com presença em fóruns de decisão mundial. e com um mar que sempre interessou à Rússia.

Brasão de armas da Roménia

A Roménia, é um país-chave no equilíbrio geopolítico entre a NATO e a Rússia. Esta realidade tem assumido dimensões alarmantes, afetando eleições, instituições e a coesão social.

Contexto Geopolítico da Roménia

Localizada no sudeste da Europa, com acesso ao Mar Negro e vizinha da Ucrânia, a Roménia é um dos pilares da defesa oriental da NATO. Desde a invasão russa da Ucrânia, em 2022, a sua relevância aumentou como fronteira estratégica contra o expansionismo russo. Como membro da União Europeia (UE) e da NATO, o país é frequentemente alvo de esforços russos para enfraquecer a sua soberania e alinhar-se com o Ocidente.

Estratégias de Guerra Híbrida na Roménia

A guerra híbrida russa na Roménia é composta por cinco elementos principais:

  1. Desinformação e Propaganda A disseminação de narrativas falsas é um dos pilares desta estratégia. Durante as eleições presidenciais de 2024, campanhas em redes sociais ligadas a interesses russos difundiram alegações de fraude, teorias conspiratórias sobre a NATO e a UE, e mensagens que exploravam divisões étnicas, como a questão da minoria húngara na Transilvânia.

  2. Ciberataques Infraestruturas digitais, como sistemas de contagem de votos e redes governamentais, têm sido frequentemente atacadas. Grupos como o APT28 (Fancy Bear), associados ao Kremlin, foram identificados como responsáveis por ações destinadas a criar caos e dúvidas sobre a integridade dos processos eleitorais.

  3. Manipulação Económica Embora a Roménia tenha recursos energéticos internos, como gás natural, é afetada pela manipulação russa dos preços globais de energia. A dependência de países europeus de energia externa é usada como uma ferramenta de pressão política.

  4. Fomentação de Divisões Internas A Rússia explora questões históricas e culturais, promovendo narrativas que exacerbam tensões entre romenos e minorias, como os húngaros na Transilvânia, com o objetivo de dividir a sociedade e enfraquecer a unidade nacional.

  5. Influência Política Candidatos e partidos com posturas eurocéticas e alinhadas com a Rússia recebem apoio financeiro e mediático. No caso das eleições de 2024, o candidato nacionalista Călin Georgescu, conhecido pelas suas opiniões pró-Rússia, destacou-se nesse contexto.

As Eleições Presidenciais de 2024

Perfis dos Candidatos-Chave

Călin Georgescu

  • Ideologia: Nacionalista, extrema-direita, crítico da NATO e pró-Rússia.

  • Políticas: Propõe a redução do envolvimento da Roménia com organizações ocidentais, apresentando a Rússia como um aliado "tradicional".

  • Controvérsias: Acusações de financiamento obscuro e de beneficiar de campanhas de desinformação.

Elena Lasconi

  • Ideologia: Liberal, pró-UE e pró-NATO.

  • Histórico: Jornalista de renome, apresentou uma campanha focada na modernização e na luta contra a corrupção.

  • Disputa: Acusada de violar as regras de campanha ao continuar atividades online fora do prazo permitido.

Marcel Ciolacu

  • Ideologia: Centro-esquerda, líder do Partido Social Democrata (PSD), historicamente dominante.

  • Políticas: Fortalecimento da integração europeia e combate à corrupção.

  • Resultado: Ficou em terceiro lugar na primeira volta, apenas a poucos milhares de votos de Lasconi.

As eleições presidenciais de 2024 foram marcadas por irregularidades que levaram à decisão histórica do Tribunal Constitucional em anular os resultados da primeira volta. Entre os problemas relatados estavam:

  • Campanhas ilegais fora do prazo: Alguns candidatos, como Elena Lasconi, foram acusados de violar as regras eleitorais.

  • Financiamento opaco: Călin Georgescu, que surpreendeu ao liderar a votação, foi associado a fontes de financiamento obscuras.

  • Ciberataques e desinformação: Intensificação de campanhas digitais e hackers russos visaram sistemas eleitorais para semear dúvidas sobre a legitimidade do processo.

Os resultados iniciais refletiram a crescente influência da extrema-direita, com Georgescu a obter 22,94% dos votos, seguido por Lasconi (19,18%) e Marcel Ciolacu (19,15%), líder do Partido Social Democrata.

Guerra hibrida: Impactos nas eleições romenas
A campanha híbrida russas têm efeitos diretos e indiretos:

  • Polarização política: Eleitores tornam-se mais divididos em relação a questões fundamentais, como a permanência na UE ou as relações com a NATO.

  • Deslegitimação do sistema eleitoral: Com o aumento de campanhas de desinformação, cresce a perceção de que o sistema está vulnerável a fraudes, mesmo quando tal não é verdade.

  • Fortalecimento de agendas populistas: Partidos eurocéticos ou pró-Rússia conseguem mais visibilidade e apoio, ameaçando a estabilidade política do país.

Resposta da Roménia e dos Aliados

Para enfrentar essas ameaças, a Roménia tem implementado estratégias em colaboração com a NATO e a UE:

  1. Reforço da Cibersegurança Investimentos em infraestruturas digitais têm fortalecido a proteção contra ciberataques, garantindo maior integridade nos processos eleitorais.

  2. Combate à Desinformação Programas de literacia mediática e fact-checking ajudam a desmascarar narrativas falsas e a aumentar a resiliência da população.

  3. Cooperação Internacional Sanções contra indivíduos e organizações envolvidos na interferência, bem como o apoio técnico e estratégico da NATO, têm sido cruciais.


Perspetivas Futuras

A guerra híbrida na Roménia sublinha a vulnerabilidade das democracias face a interferências externas. As eleições de 2024 tornaram-se um campo de batalha entre forças que promovem a estabilidade europeia e interesses que tentam fragmentar a coesão do bloco ocidental.

Apesar dos desafios, a resposta da Roménia tem demonstrado a importância de alianças fortes e de estratégias coordenadas para combater a desinformação e reforçar os valores democráticos. Contudo, o futuro político do país dependerá da capacidade de superar divisões internas e resistir a pressões externas.
Conclusão

A guerra híbrida na Roménia não é um fenómeno isolado, mas parte de uma estratégia mais ampla de desestabilização da Europa de Leste. Como baluarte contra a expansão russa, o país enfrenta desafios que exigem uma resposta robusta e coordenada, tanto internamente como no contexto das suas alianças ocidentais. A defesa da democracia romena é, simultaneamente, um teste e uma oportunidade para reafirmar os valores que sustentam a União Europeia e a NATO.

O fim dramático do ditador Ceausescu e da mulher assassinados pelo povo. Uma situação que Putin nunca aceitou e que jura vingar.  Violência e dor, depois de tantos anos de  opressão e sofrimento às mãos do tirano.

Călin Georgescu ganha as eleições através das falsificações russas. Pela primeira vez a europa reage a tempo  e horas.