Os Ordenados dos Políticos

por : Aharon Pereira

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As Posições do Chega e do Livre: Duas Faces da Mesma Demagogia

As posições do Chega e do Livre convergem num ponto central: ambos defendem que os políticos não devem receber aumentos enquanto a maioria da população continuar a viver com salários baixos. A diferença reside na forma como cada partido expressa esta posição. O Livre opta pelos meios tradicionais, como intervenções na Assembleia da República e declarações aos meios de comunicação. Já o Chega, fiel ao seu estilo, escolhe o caminho do espetáculo, com André Ventura a adotar uma postura teatral, marcada por discursos inflamados e gestos extravagantes. Um exemplo desta "técnica", foi o episódio em que penduraram panos nas janelas dos gabinetes do partido na Assembleia, uma violação clara da lei que regula o uso de edifícios públicos.

Este tipo de ação não só é um desrespeito às normas legais, como configura propaganda política ilícita, sujeita a contraordenação. No entanto, o impacto desta encenação foi desastroso, mesmo entre os eleitores de ambos os partidos. O Livre, que normalmente se posiciona como um partido de princípios, viu a sua credibilidade manchada ao alinhar-se, com esta retórica. Já Ventura manteve-se coerente com o seu estilo espalhafatoso, mas a sua falta de subtileza começa a desgastar até os seus próprios apoiantes.

Ventura: O Espetáculo Que Cansa

Apesar de alguns verem André Ventura como um estratega hábil, os seus métodos repetitivos revelam um político limitado e previsível. O seu raciocínio simplista e as encenações constantes mostram uma total incapacidade para formular estratégias políticas que transcendam o mero espetáculo. Ventura acredita ser um génio político, mas a realidade é que cada nova encenação expõe a sua falta de visão e profundidade.

O que Ventura parece não perceber é que, entre o milhão de eleitores que já conseguiu captar, há uma parcela significativa que começa a sentir-se envergonhada pelas suas "palhaçadas". Vergonha, que é a palavra que mais gosta de usar, aplica-se agora a ele próprio. As sondagens indicam consistentemente que a taxa de rejeição do Chega e de Ventura é altíssima. E cada vez que alguém se afasta do partido por causa das suas encenações, é muito pouco provável que volte a votar nele.

A Armadilha do Autoritarismo Interno

Ventura exerce um controlo absoluto sobre o Chega, mas esse domínio pode ser a sua própria ruína. Como aconteceu com Staline, que morreu sozinho porque os seus subordinados tinham demasiado medo para intervir, mesmo quando Staline deixou de aparecer fora do seu quarto, Ventura pode encontrar-se isolado quando o seu projeto começar a desmoronar-se. Os oportunistas que hoje o rodeiam não hesitarão em abandoná-lo quando o Chega deixar de ser um veículo viável para os seus interesses pessoais.

O Livre

Neste caso o Livre fez jus ao seu nome: esteve "livre" do bom senso. Não sei se o Livre é um partido Marxista, nem isso interessa nada para o tema que estamos abordar. O que Karl Marx dizia, é muito diferente, do que as pessoas geralmente pensam e vamos ouvindo frequentemente em vários setores quer da "esquerda", quer da "direita" e é o seguinte:

"A cada um segundo o seu trabalho"
No socialismo, etapa de transição para o comunismo, Marx defendia a ideia de que os indivíduos seriam remunerados de acordo com a quantidade de trabalho realizado. No entanto, essa distribuição ainda estaria longe de uma verdadeira igualdade. Como Marx escreve na Crítica do Programa de Gotha, neste estágio, "direitos iguais" ainda seriam direitos desiguais, pois as capacidades e necessidades das pessoas são diferentes.

"A cada um segundo as suas necessidades"
No comunismo, o objetivo seria superar a lógica da troca baseada no trabalho. Em vez de salários ou remunerações baseadas no esforço ou tempo de trabalho, Marx idealiza uma sociedade onde os recursos seriam distribuídos conforme as necessidades de cada indivíduo. A máxima do comunismo seria: "A cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades".

Não é necessário ser marxista para perceber que, neste ponto, Marx estava absolutamente certo.
É uma imbecilidade regulamentar o salário de um político, que tem a responsabilidade de governar uma nação, com o ordenado de um trabalhador que, embora mereça todo o respeito pelo trabalho que realiza, não pode ser comparado à responsabilidade de um governante. Ou estamos a falar de imbecilidade, ou de demagogia, ou, mais provavelmente, de ambas.

Os salários não devem ser idênticos, como não são, e a evolução dos ordenados não tem de ser diretamente correlacionada, embora seja claro que deve haver alguma relação justa e razoável. A verdadeira demagogia está em afirmar-se que aumentar em 200 € o salário de um deputado, que está há mais de uma década sem qualquer ajuste, é algo altamente criticável. Este tipo de discurso ignora completamente o contexto das suas responsabilidades políticas, transformando uma questão legítima numa manipulação barata para agradar a um público desinformado.

O Livre, quer tenha consciência disto ou não, ficou associado ao Chega neste caso.

Comparação entre as responsabilidades dos políticos e dos CEOs de grandes empresas

Comparar as responsabilidades de políticos de topo, como primeiros-ministros, ministros ou presidentes, com as dos CEOs de grandes empresas pode ser interessante, pois ambos desempenham papéis de liderança crucial, em esferas distintas: política e económica. No entanto, há semelhanças e diferenças significativas nos desafios e nas expectativas associadas a esses cargos.

1. Tomada de Decisão e Responsabilidade Final

Políticos de topo:

  • São responsáveis por decisões que afetam milhões de cidadãos, incluindo políticas económicas, sociais, ambientais e de segurança.

  • As suas decisões podem ter impacto nacional e internacional, influenciando relações diplomáticas, segurança global e bem-estar social.

  • Devem equilibrar interesses divergentes e responder a crises complexas, como guerras, pandemias ou crises financeiras.

CEOs:

  • Têm responsabilidade direta pelo desempenho financeiro da empresa, sendo avaliados pelo lucro, crescimento, e valor para os acionistas.

  • Gerem crises internas, como falências, reestruturações, ou escândalos corporativos, que podem impactar milhares de trabalhadores e investidores.

  • Tomam decisões estratégicas sobre inovação, aquisições ou expansão para novos mercados.


2. Prestação de Contas

Políticos de topo:

  • Respondem a múltiplas partes interessadas: cidadãos, parlamento, partidos políticos, organizações internacionais e imprensa.

  • Devem ser transparentes, sujeitando-se a eleições periódicas, escrutínio público e mecanismos legais.

  • São pressionados por grupos de interesse, como sindicatos e movimentos sociais, que podem exigir mudanças de políticas ou protestar contra decisões.

CEOs:

  • Prestam contas principalmente aos acionistas, mas também aos conselhos de administração, reguladores e, em certa medida, aos clientes e empregados.

  • Estão sujeitos a auditorias, relatórios financeiros obrigatórios e, em alguns casos, à pressão de investidores ativistas.

  • Devem equilibrar o crescimento a curto prazo com a sustentabilidade a longo prazo, enfrentando críticas se falharem em qualquer desses aspetos.

3. Complexidade do Contexto

Políticos de topo:

  • Operam num ambiente altamente complexo e imprevisível, onde decisões são condicionadas por fatores políticos, económicos, sociais e culturais.

  • Lidam com legislação, tratados internacionais e um emaranhado de interesses internos e externos.

  • Enfrentam crises que podem surgir repentinamente, como catástrofes naturais ou ameaças à segurança nacional.

CEOs:

  • Lidam com complexidades do mercado global, competição internacional, regulamentações locais e internacionais.

  • Devem adaptar-se rapidamente a mudanças tecnológicas e tendências de consumo, antecipando riscos e oportunidades.

  • Enfrentam pressões constantes para inovar e otimizar operações, maximizando valor num ambiente muitas vezes instável.


4. Impacto das Decisões

Políticos de topo:

  • As suas decisões moldam o futuro de uma nação, impactando a vida de milhões de pessoas. Políticas económicas podem influenciar emprego, crescimento ou desigualdade social.

  • Políticas de saúde, educação ou segurança pública podem ter consequências duradouras, tanto positivas quanto negativas.

  • Decisões erradas podem levar a crises políticas, revoltas sociais ou declínio da confiança pública.

CEOs:

  • Decisões afetam diretamente os funcionários da empresa, os acionistas e, indiretamente, a economia global (especialmente em grandes corporações).

  • A má gestão pode levar a perdas financeiras significativas, falência ou destruição de empregos em larga escala.

  • O impacto das decisões empresariais sobre o meio ambiente e as comunidades pode ser duradouro, gerando repercussões reputacionais e legais.

5. Expectativas e Pressões

Políticos de topo:

  • São constantemente pressionados pela opinião pública e pelos meios de comunicação formais e informais (redes sociais).

  • O seu desempenho é avaliado diariamente, com impacto direto na sua popularidade e chances de reeleição.

  • Devem manter uma imagem pública que inspire confiança e liderança.

CEOs:

  • Enfrentam pressão contínua por parte dos acionistas para entregar resultados financeiros sólidos.

  • Precisam manter a confiança dos mercados e assegurar a competitividade da empresa.

  • O seu desempenho é frequentemente medido em ciclos trimestrais, o que pode gerar decisões focadas no curto prazo.

Ambos os cargos, políticos de topo e CEOs, exigem capacidades excecionais de liderança e gestão de crises, mas diferem no âmbito e na natureza das suas responsabilidades. Os políticos têm a tarefa de gerir e conseguir o bem-estar de sociedades inteiras, lidando com múltiplos interesses públicos e enfrentando uma pressão constante para equilibrar necessidades frequentemente contraditórias. Já os CEOs operam num contexto empresarial mais restrito, mas igualmente complexo, com foco na criação de valor económico e na sustentabilidade das suas empresas. Embora as consequências das ações de ambos sejam significativas, o impacto varia em escala e público-alvo.

Quem enfrenta maiores pressões e responsabilidades?

Sem dúvida, os políticos. A ideia de que estes levam uma "vida santa" é um mito absurdo. No entanto, em Portugal, a diferença salarial entre políticos e CEOs é gritante. O Primeiro-Ministro português aufere cerca de 8.296€ mensais, acrescidos de despesas de representação. Em contraste, os CEOs das principais empresas, como as que integram o índice PSI-20, têm remunerações muito superiores. A média mensal dos salários destes CEOs ronda os 92.291€, incluindo componentes fixas e variáveis.

Ou seja, um CEO de uma grande empresa portuguesa ganha, em média, mais de 10 vezes o salário do Primeiro-Ministro. Com isto nºao estamos a afirmar que os políticos devam ter salários da ordem dos CEOs. Mas não podemos ignorar que esta disparidade cria o risco real: da política poder acabar por atrair apenas segundas e terceiras linhas. É exatamente isso que se verifica atualmente em Portugal.

Bem sabemos que esta posição não é popular. Mas que credibilidade teríamos se defendêssemos baixos salários para os políticos, enquanto afirmamos combater o populismo? Nenhuma. É essencial abordar estas questões com transparência, distinguindo-nos pela honestidade e verdade.

Os populistas, por outro lado, promovem apenas o que lhes traz ganhos imediatos, quer o argumentário seja típico da direita ou da esquerda. É irónico, por exemplo, que o Chega, um partido de direita, defenda cortes salariais que se mantinham somente para os políticos, típicos da extrema-esquerda no passado. Para André Ventura, pouco importa a incoerência, pois ele acredita que o seu eleitorado é básico e não se apercebe destas contradições. A nós, cabe-nos expor este embuste.

Quando o Barato Sai Caro: As Consequências de Políticos Mal Pagos

Para Causa Democrática, uma organização independente e sem qualquer ligação partidária, é totalmente absurda a ideia de que os políticos devem ser mal pagos e nunca ver os seus salários ajustados, apenas porque a maioria da população está também mal remunerada. Esta posição não passa de pura demagogia, um engodo para enganar os incautos.

Como ficou demonstrado, esta ideia não se enquadra numa lógica tradicional de esquerda ou direita, evidenciando a inadequação crescente dessas classificações em muitos debates contemporâneos. Aqui, o que importa sublinhar é o caráter essencialmente demagógico, enganador e populista dessa narrativa.

A crítica às remunerações dos políticos é recorrente, sendo frequentemente vistas como excessivas ou injustificadas. No entanto, por trás dessa crítica estão preconceitos perigosos, como a visão de que a política é uma profissão inútil ou, pior, um refúgio para malfeitores e delinquentes. Estas ideias têm contribuído para a degradação da chamada classe política, que hoje é, em muitos casos, composta por indivíduos menos qualificados.

Quando os políticos são mal pagos, as consequências para o funcionamento do Estado são gravíssimas. Este é um exemplo clássico de “o barato que sai caro”, com efeitos diretos na qualidade da governação, na integridade das instituições e no bem-estar da população. Salários inadequados afastam talentos competentes, incentivam a corrupção e resultam em decisões políticas menos informadas e ineficazes.

É fundamental compreender que a qualidade da liderança política não é um luxo, mas uma necessidade para garantir o desenvolvimento e a estabilidade de qualquer nação. As consequências são geralmente as seguintes:

1. Incentivo à Corrupção

Quando os salários dos políticos são baixos, cria-se um ambiente altamente propício à corrupção. A necessidade de complementar rendimentos pode levar os políticos a aceitarem subornos, favorecerem interesses privados ou desviarem recursos públicos. Podem mais facilmente ser levados a pensar que não têm nada a perder. Este ciclo vicioso não só enfraquece a confiança nas instituições, como também compromete a correta alocação de recursos, prejudicando gravemente o desenvolvimento económico e social. Países com níveis elevados de corrupção enfrentam, quase invariavelmente, desigualdades crescentes, serviços públicos deficientes e economias estagnadas.

Em Portugal, onde os políticos são notoriamente mal pagos, a questão torna-se particularmente preocupante. O que pode, afinal, impedir um político de sucumbir à corrupção? Apenas a sua educação, princípios e qualidades éticas e morais. No entanto, confiar exclusivamente na integridade pessoal não é suficiente para assegurar a honestidade e eficácia na gestão pública.

É importante notar que os orçamentos de muitos ministérios, câmaras municipais e outras instituições do Estado são frequentemente superiores aos das maiores empresas portuguesas. Um político de topo, responsável pela gestão de áreas como saúde ou educação, administra valores muito superiores aos que a maioria dos CEOs portugueses jamais verá. Contudo, ao contrário do setor privado, onde os salários são ajustados às responsabilidades e à complexidade das funções, os políticos continuam a receber remunerações desproporcionalmente baixas, dada a magnitude das suas responsabilidades.

Além disso, estudos indicam que, em contextos onde a corrupção é sistémica, apenas uma pequena fração dos casos chega à justiça. Em muitos países, incluindo Portugal, estima-se que por cada político apanhado em esquemas de corrupção, entre 5 a 10 continuam a operar impunemente. Este dado reforça a urgência de se discutir a remuneração política não como um privilégio, mas como uma ferramenta essencial para garantir a integridade e o bom funcionamento das instituições. Os políticos devem sentir, que para além de verem o seu nome enxovalhado na imprensa, serem submetidos a julgamentos com eventuais condenações vão perder o seu salário que deve ter significado na sua vida pessoal. A remuneração ser significativa é positivo, para o controlo da corrupção. A prevenção da corrupção não passa apenas por mecanismos de fiscalização, mas também por assegurar condições dignas e atrativas para aqueles que assumem o desafio de governar.

2. Dificuldade de Recrutamento de Talento

Uma remuneração inadequada pode afastar indivíduos altamente qualificados e experientes da política. Governar um país ou gerir setores estratégicos exige competências que muitas vezes poderiam ser melhor remuneradas no setor privado. Assim, quando os salários na política são pouco atrativos, tende a ocorrer um “brain drain” interno, com os melhores talentos a optarem por carreiras mais lucrativas fora da esfera pública.

Esta dificuldade de recrutamento de talento pode levar à eleição ou nomeação de indivíduos menos competentes, resultando em decisões políticas mal informadas e na implementação de políticas ineficazes ou prejudiciais. É seguramente o que acontece em Portugal.

3. Decisões Mal Informadas e Ineficientes

Políticos mal remunerados podem ter menor acesso a recursos, equipas e consultores de qualidade, o que compromete a sua capacidade de tomar decisões informadas. Sem o apoio técnico adequado, é mais provável que se cometam erros graves em áreas cruciais como economia, saúde e educação.

Estas más decisões podem ter um impacto duradouro, desde crises económicas até ao colapso de serviços essenciais. Além disso, políticas ineficazes podem exacerbar problemas sociais e económicos, aumentando o custo de oportunidade de decisões mal orientadas.

4. Aumento da Desigualdade no Acesso ao Poder

Quando os salários são baixos, apenas pessoas com fontes de rendimento externas ou independência financeira considerável podem permitir-se entrar na política. Isto cria uma barreira socioeconómica que exclui grandes segmentos da população, especialmente aqueles provenientes de classes trabalhadoras ou minorias. O resultado é uma representação política desproporcional e a perpetuação de desigualdades estruturais.

5. Populismo e Demagogia

Em contextos onde os políticos são mal pagos e o eleitorado é crítico das elites políticas, surgem condições favoráveis ao crescimento do populismo. Políticos demagogos podem usar a sua remuneração modesta como argumento de proximidade ao “povo”, ao mesmo tempo que tomam decisões contrárias aos interesses da população. Além disso, o discurso populista tende a simplificar problemas complexos, o que resulta em políticas públicas insustentáveis ou desastrosas.

6. Erosão da Confiança Pública

A perceção de que os políticos são mal remunerados, mas ainda assim buscam benefícios pessoais, pode gerar cinismo generalizado e alienação política. Quando o público perde confiança nos seus líderes, diminui a participação cívica, como o voto ou o envolvimento em iniciativas comunitárias. Isto enfraquece a democracia e facilita a perpetuação de práticas antiéticas.

7. Subdesenvolvimento Institucional

A falta de remuneração adequada também pode prejudicar o desenvolvimento de uma administração pública eficiente. Políticos mal pagos podem não investir o tempo e os recursos necessários para melhorar a eficácia das instituições que supervisionam. Andam frequentemente mais ocupados com a sua vida pessoal. Este cenário resulta em burocracias lentas, desorganizadas e pouco responsivas às necessidades da população.

O Preço Real da Poupança

Embora a ideia de reduzir salários de políticos possa parecer atrativa como medida de contenção de custos ou resposta à indignação popular, as suas consequências podem ser devastadoras. Corrupção, incompetência e fraco desempenho institucional são apenas algumas das consequências de uma política de remuneração inadequada. Investir em salários competitivos para os políticos não é apenas uma questão de justiça laboral e bom senso; é um investimento na qualidade da governação e no futuro do país. Afinal, o custo de líderes desmotivados, corruptos ou incompetentes é incomensuravelmente maior do que qualquer poupança imediata. A demagogia do Livre e sobretudo do Chega, que foi acompanhada de atos que visam desacreditar instituições como a Assembleia da República são totalmente condenáveis.

Ventura procura o martírio

Ventura procura o martírio. Veio à TV dizer, que é o único culpado pelas tristes cenas das bandeirolas colocadas na Assembleia da República. Quem havia de ser? Todos sabem que o Chega é ele, disso não há dúvida. Ventura agora, faz todos perder tempo e tenta desprestigiar as instituições. com as armadilhas que vai colocando pelo caminho. Depois da palhaçada, coloca-se agora a questão do martírio. Como punir o ato ilegal de usar o edifício da AR, para propaganda partidária? Ele vem suplicar martirizem-me, quero ser mártir. Eu sou o culpado. SOU EU!!!

A história é muito útil para nos esclarecer. Embora não se repita ensina-nos:

A Segunda Prisão de Hitler (1923-1924)

  • Motivo: A sua prisão mais famosa ocorreu após o Putsch da Cervejaria (ou Putsch de Munique) em novembro de 1923. Hitler e o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) tentaram um golpe de Estado inspirado na Marcha sobre Roma de Mussolini. A tentativa falhou, e Hitler foi preso por alta traição.

  • Condenação: Foi sentenciado a cinco anos de prisão, mas cumpriu apenas cerca de nove meses na prisão de Landsberg. Durante este período, escreveu grande parte do seu livro "Mein Kampf", que se tornou a base ideológica do nazismo.

  • Saiu sem cumprir a pena e criou a mais horrenda ditadura dos tempos modernos.


Era o melhor que podia acontecer a Ventura, ser preso. Sempre que pode, ele ataca o Islão e os muçulmanos, copiando a extrema direita europeia. Mas parece ter uma enorme atração pela ideia islâmica do martírio. Seria a grande oportunidade para se vitimizar. Não se falaria de outra coisa durante meses nas televisões. A acusação, o julgamento, a prisão, os recursos, é justo, é injusto, quando sai, e por aí fora.

A nossa opinião é óbvia; não se lhe pode fazer a vontade. Uma coima de valor elevado, aplicada ao culpado Ventura, resolve o problema do ato não ficar sem castigo, e não faz de Ventura um mártir, como tanto deseja, mas apenas um delinquente.