Primeira Internacional Nacionalista
Criada em 2018 por Steve Bannon em Bruxelas
por: Simon Ben-David
"The Movement"
A Primeira Internacional Operária (1864-1876) – Também conhecida como Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), foi fundada em Londres, em 1864, por representantes de diferentes tendências socialistas, incluindo Karl Marx.
Steve Bannon parece que anda a ler textos sobre o Movimento Operário, e deve ter gostado da ideia resolvendo criar em 2018 A Primeira Internacional Nacionalista a que deu o nome de "The Movement".
"The Movement", é uma iniciativa paradoxal e fundamentalmente incoerente: um organismo internacional que promove o nacionalismo! Este movimento pretende unir partidos nacionalistas e populistas de vários países sob uma plataforma comum. Advogar o nacionalismo através de uma rede internacional é, no mínimo, um absurdo lógico. O nacionalismo, por definição, centra-se na defesa de interesses específicos de cada nação, colocando em primeiro lugar a identidade e a soberania nacionais, muitas vezes em oposição à cooperações internacionais.
Comparando com a Primeira Internacional, a associação de trabalhadores do século XIX fundada por Marx e Engels, a incoerência de "The Movement" torna-se ainda mais evidente. A Primeira Internacional defendia o internacionalismo e a solidariedade entre classes trabalhadoras de diferentes países, seguindo uma ideologia que assumidamente ultrapassava as fronteiras nacionais. A sua missão era, assim, consistente com os seus métodos e estrutura, pois promovia a união de trabalhadores sob um ideal comum de justiça e igualdade global.
"The Movement" tenta reunir forças políticas nacionalistas, o que cria um conflito insanável: partidos que, ao defenderem ferozmente a independência das suas nações e culturas, são ao mesmo tempo chamados a unirem-se contra uma “ameaça comum” imaginária. Este projeto acaba por ser não só contraditório, mas perigoso, uma vez que promove uma visão estreita e belicista de soberania, incentivando a desconfiança e o ressentimento entre países e grupos, em vez de promover o entendimento ou a cooperação. É uma contradição gritante que expõe a falta de solidez ideológica e o potencial de divisão e conflito que este tipo de “nacionalismo global” pode gerar. Mas a extrema direita nunca se preocupou com a coerência da sua ideologia e ações.
Habitualmente Causad não valoriza nem se interessa por aspetos menores da Política, nem no aspeto interno e muito menos no plano internacional, acerca duma administração americana que foi um autêntico desvario. Neste caso as divergências entre Bannon e Trump são importantes, pois como Bannon vai regressar à Casa Branca, permitem antever o radicalismo que é de esperar, da nova administração Trump, com carta branca do eleitorado.
Revendo o passado recente
Steve Bannon, que foi um dos principais estrategas e conselheiros de Donald Trump durante a sua campanha e início de mandato, separou-se de Trump devido a várias divergências estratégicas e pessoais que culminaram em tensões públicas. A relação entre Bannon e Trump deteriorou-se, em grande parte, devido a questões de controlo sobre a agenda presidencial e o estilo de liderança de Trump, bem como a influência que outros conselheiros e familiares de Trump exerciam.
Razões para o Afastamento
Estilo de Liderança e Conflitos Internos: Bannon tinha uma visão populista e nacionalista que pretendia implementar, acreditando que era crucial para a base de Trump e a sua promessa de "America First". Contudo, Bannon frequentemente entrou em conflito com outros membros da administração, como o genro de Trump, Jared Kushner, e o então conselheiro económico Gary Cohn, que tinham abordagens mais convencionais e moderadas. Estes conflitos e a desconfiança crescente fizeram com que Bannon acabasse por ser isolado dentro da Casa Branca.
Declarações Polémicas: Em 2018, o livro "Fire and Fury" de Michael Wolff revelou várias declarações de Bannon nas quais criticava fortemente o círculo próximo de Trump, incluindo o seu filho, Donald Trump Jr., referindo-se ao seu encontro com uma advogada russa como "traiçoeiro" e "antipatriótico". Essas declarações enfureceram Trump, que respondeu publicamente, desvalorizando a importância de Bannon na sua campanha e administração.
Rumo Político Divergente: Trump, embora promovendo uma agenda populista, teve uma abordagem que, por vezes, se distanciava da visão mais extremista e radical de Bannon. A discordância de Bannon em algumas áreas, como a política externa e económica, tornou-o uma figura controversa e difícil de manter numa equipa onde a lealdade e a unidade eram cruciais para Trump.
O Que Fez Bannon Depois de sair da Casa Branca
Após a sua saída, Bannon regressou ao Breitbart News, que é um site de notícias e opinião americano, conhecido pelas suas posições conservadoras e nacionalistas, que frequentemente apoia políticas de direita e populistas, mas foi forçado a deixar o cargo devido ao crescente descontentamento com as suas ações e à pressão de apoiantes de Trump. Desde então, Bannon manteve-se ativo no cenário político, promovendo a sua agenda ultranacionalista em várias frentes:
Campanha de Nacionalismo Global: Bannon concentrou-se em apoiar movimentos de direita e nacionalistas na Europa e noutras regiões, promovendo uma espécie de "internacional nacionalista". Criou a organização "The Movement" para apoiar e conectar líderes de direita populista na Europa.
Promoção de Teorias Conspiratórias e Ativismo Digital: Bannon esteve envolvido em várias campanhas e plataformas digitais que promoviam teorias da conspiração, especialmente durante as eleições de 2020 nos EUA, e apoiou as alegações infundadas de fraude eleitoral feitas por Trump. Isso levou a que fosse banido de algumas redes sociais e que a sua presença online se tornasse altamente polémica.
Problemas Legais: Em 2020, Bannon foi acusado de fraude num esquema para angariar fundos para a construção do muro na fronteira EUA-México, onde, alegadamente, desviou fundos para uso pessoal. Trump acabou por lhe conceder um perdão presidencial pouco antes de deixar o cargo, em 2021.
Apoio a Trump e ao 'MAGA Movement': Mesmo fora da Casa Branca, Bannon continua a apoiar o movimento "Make America Great Again" e incentivou Trump a manter-se ativo na política. Ele tem usado o seu podcast "War Room". Desde o seu lançamento em 2019, o War Room tornou-se um espaço para a mobilização de ideias conservadoras e, por vezes, extremistas. No programa, Bannon discute temas atuais e convida entrevistados que partilham da sua visão política, abordando tópicos como imigração, eleições, políticas anti-China, e críticas ao Partido Democrata. Ele usou o programa para promover a ideia de que as eleições presidenciais de 2020 foram fraudulentas, sustentando teorias de conspiração e alimentando o movimento que culminou no ataque ao Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021.
Assim, Bannon continuou a ser uma figura polarizadora, utilizando o seu conhecimento em comunicação e influência nas redes sociais para moldar o cenário político da direita nos EUA e internacionalmente, apesar dos conflitos que teve com Trump.
Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, promoveu ativamente a ideia de uma campanha de nacionalismo global, concentrando-se em apoiar movimentos de direita e nacionalistas em várias regiões, sobretudo na Europa. A sua estratégia foi impulsionar o crescimento de uma espécie de "internacional nacionalista" para unir e fortalecer líderes e partidos de extrema-direita ao redor do mundo, combatendo o globalismo e as instituições que, na sua perspetiva, ameaçam as soberanias nacionais e promovem uma agenda liberal e multiculturalista. Esta campanha ganhou força com a criação de "The Movement", uma organização concebida para apoiar e coordenar as atividades dos partidos de extrema-direita europeus.
Origem da Ideia e Estratégia
O conceito de uma "internacional nacionalista" emergiu como uma forma de resposta ao que Bannon e outros líderes populistas consideram ser uma aliança globalista entre elites políticas, financeiras e culturais, como a União Europeia, as Nações Unidas, e outros órgãos multilaterais. Bannon acredita que esses órgãos comprometem a independência dos países, promovendo uma agenda que, segundo ele, beneficia as elites em detrimento dos cidadãos comuns. Inspirado pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e pelo Brexit no Reino Unido, Bannon vislumbrou um cenário em que líderes e movimentos de direita poderiam desafiar o status quo e criar uma espécie de "revolução nacionalista". Na realidade a ter sucesso esta ideia, na prática significa o fim da União Europeia, e o domínio da Europa pela Rússia, pois cada país isolado, mesmos os mais fortes (Alemanha, França e Reino Unido), não terão hipótese de se oporem sozinhos à Rússia coadjuvada pelos partidos de extrema-direita populista que chegariam ao poder, empurrados por “The Movement”.
"The Movement" e a Extrema-Direita Europeia
"The Movement" foi criada em 2018 com o objetivo de se tornar um think tank que coordenaria atividades entre partidos de direita europeus. A organização pretendia fornecer consultoria política, ajuda em campanhas, análise de dados e acesso a financiamento para fortalecer a posição destes partidos nos seus respetivos países. O principal alvo de Bannon era a Europa, onde movimentos de direita populista estavam a ganhar popularidade e poder. O timing era ideal, uma vez que a Europa atravessava um período de crise migratória, insatisfação económica e desconfiança nas instituições europeias, contextos que favorecem o crescimento de narrativas nacionalistas.
Na prática, Bannon tentou unir forças com várias figuras da extrema-direita europeia, incluindo:
Matteo Salvini na Itália (Lega Nord)
Marine Le Pen em França (Rassemblement National)
Viktor Orbán na Hungria (Fidesz)
Nigel Farage no Reino Unido (Brexit Party)
André Ventura em Portugal (Partido Chega)
Geert Wilders na Holanda (Partido da Liberdade)
Santiago Abascal em Espanha (Vox)
Objetivos de "The Movement"
O projeto de Bannon visava não só a conquista de mais lugares no Parlamento Europeu (nas eleições de 2019), mas também uma união ideológica entre os líderes e partidos de extrema-direita para desafiar a União Europeia. No fundo o que se pretende é a destruição da UE. A sua visão era que, ao ocuparem uma parte significativa do Parlamento Europeu e ao elegerem líderes nacionalistas, os movimentos populistas pudessem reconfigurar a Europa, reduzindo o poder de Bruxelas e promovendo uma agenda que defendesse as identidades e fronteiras nacionais. Isto incluía:
Controlo da Imigração: Campanhas rigorosas contra a imigração, especialmente de países não-ocidentais, sustentadas por uma retórica de proteção cultural.
Anti-Globalismo e Soberania Nacional: Defesa da ideia de que os países devem controlar as suas próprias economias, leis e políticas sociais, sem interferência de organismos supranacionais.
Valorização da Cultura Cristã: Vários destes partidos, como o Fidesz de Orbán, defendem o papel da cristandade como o alicerce cultural da Europa.
Desconstrução do Liberalismo Cultural: Crítica a agendas progressistas, incluindo direitos LGBTQ+, feminismo, e políticas multiculturais.
Origem da Ideia e Estratégia
O conceito de uma "internacional nacionalista" emergiu como uma forma de resposta ao que Bannon e outros líderes populistas consideram ser uma aliança globalista entre elites políticas, financeiras e culturais, como a União Europeia, as Nações Unidas, e outros órgãos multilaterais. Bannon acredita que esses órgãos comprometem a independência dos países, promovendo uma agenda que, segundo ele, beneficia as elites em detrimento dos cidadãos comuns. Inspirado pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e pelo Brexit no Reino Unido, Bannon vislumbrou um cenário em que líderes e movimentos de direita poderiam desafiar o status quo e criar uma espécie de "revolução nacionalista". Na realidade a ter sucesso esta ideia, na prática significa o fim da União Europeia, e o domínio da Europa pela Rússia, pois cada país isolado, mesmos os mais fortes (Alemanha, França e Reino Unido), não terão hipótese de se oporem sozinhos à Rússia coadjuvada pelos partidos de extrema-direita populista que chegariam ao poder, empurrados por “The Movement”.
"The Movement" e a Extrema-Direita Europeia
"The Movement" foi criada com o objetivo de se tornar um think tank que coordenaria atividades entre partidos de direita europeus. A organização pretendia fornecer consultoria política, ajuda em campanhas, análise de dados e acesso a financiamento para fortalecer a posição destes partidos nos seus respetivos países. O principal alvo de Bannon era a Europa, onde movimentos de direita populista estavam a ganhar popularidade e poder. O timing era ideal, uma vez que a Europa atravessava um período de crise migratória, insatisfação económica e desconfiança nas instituições europeias, contextos que favorecem o crescimento de narrativas nacionalistas.
Na prática, Bannon tentou unir forças com várias figuras da extrema-direita europeia, incluindo:
Matteo Salvini na Itália (Lega Nord)
Marine Le Pen em França (Rassemblement National)
Viktor Orbán na Hungria (Fidesz)
Nigel Farage no Reino Unido (Brexit Party)
André Ventura em Portugal (Partido Chega)
Geert Wilders na Holanda (Partido da Liberdade)
Santiago Abascal em Espanha (Vox)
Objetivos de "The Movement"
O projeto de Bannon visava não só a conquista de mais lugares no Parlamento Europeu (nas eleições de 2019), mas também uma união ideológica entre os líderes e partidos de extrema-direita para desafiar a União Europeia. No fundo o que se pretende é a destruição da UE. A sua visão era que, ao ocuparem uma parte significativa do Parlamento Europeu e ao elegerem líderes nacionalistas, os movimentos populistas pudessem reconfigurar a Europa, reduzindo o poder de Bruxelas e promovendo uma agenda que defendesse as identidades e fronteiras nacionais. Isto incluía:
Controlo da Imigração: Campanhas rigorosas contra a imigração, especialmente de países não-ocidentais, sustentadas por uma retórica de proteção cultural.
Anti-Globalismo e Soberania Nacional: Defesa da ideia de que os países devem controlar as suas próprias economias, leis e políticas sociais, sem interferência de organismos supranacionais.
Valorização da Cultura Cristã: Vários destes partidos, como o Fidesz de Orbán, defendem o papel da cristandade como o alicerce cultural da Europa.
Desconstrução do Liberalismo Cultural: Crítica a agendas progressistas, incluindo direitos LGBTQ+, feminismo, e políticas multiculturais.
Obstáculos e Repercussões
Apesar do entusiasmo inicial de Bannon, "The Movement" enfrentou vários obstáculos. Muitos partidos de extrema-direita europeus mostraram-se cautelosos em associar-se publicamente a uma figura americana tão polarizadora, especialmente devido à sua imagem controversa e ao seu estilo agressivo. Viktor Orbán, embora tendo posições nacionalistas, manteve alguma distância do projeto, preferindo uma abordagem mais autónoma. Além disso, Marine Le Pen, embora alinhada com alguns princípios de Bannon, também hesitou em assumir um compromisso público com ele.
Por fim, o financiamento tornou-se outro desafio para "The Movement". Bannon planeava criar uma organização poderosa para financiar campanhas e fornecer estratégias eleitorais aos partidos de extrema-direita, mas enfrentou dificuldades para angariar fundos suficientes e atrair doadores.
Contribuições de Bannon e o Impacto do Projeto
Embora "The Movement" não tenha alcançado o impacto que Bannon esperava, ajudou e muito, a impulsionar o discurso de direita populista e a fortalecer a presença de temas nacionalistas na Europa. As suas iniciativas e discursos ajudaram a amplificar as estratégias de comunicação digital da direita e a incentivar uma retórica anti-globalista mais marcante. Muitos partidos da extrema-direita europeia, como o Rassemblement National em França e a Lega na Itália, aproveitaram esta onda de apoio para consolidar as suas posições no cenário nacional.
A tentativa de Bannon de unir os partidos populistas numa frente europeia de extrema-direita permanece um fenómeno marcante, ilustrando o modo como a comunicação digital e as redes globais de apoio entre ideologias podem ultrapassar fronteiras e desafiar as estruturas tradicionais de poder.
Bannon conta estória para meninos ou destraídos
Europa Dividida: A Crise Existencial entre Ataques Externos e o “Fogo Amigo”
A Europa enfrenta uma série de ameaças que põem em risco a sua coesão, democracia e estabilidade. Para além da pressão ideológica ultraconservadora dos Estados Unidos, liderada por figuras como Steve Bannon, e da oposição interna de líderes europeus nacionalistas como Viktor Orbán, há também a crescente ameaça externa da Rússia de Vladimir Putin. Estas três forças, embora distintas, estão alinhadas na intenção de enfraquecer a União Europeia, promovendo divisões internas e fomentando políticas antagónicas aos valores democráticos e de cooperação da Europa.
A Influência de Steve Bannon: A Exportação da Ideologia Ultranacionalista
Steve Bannon, continua a ser uma figura de destaque na promoção de uma visão nacionalista e ultraconservadora, com ecos por toda a Europa. Desde que deixou a Casa Branca, Bannon dedicou-se a apoiar e financiar movimentos nacionalistas e eurocéticos, que desafiem diretamente a União Europeia. Com o regresso de Trump ao poder, Bannon poderá retomar uma posição de influência, apoiando ainda mais políticas que incentivem países europeus a afastarem-se de Bruxelas e a adotar uma postura mais isolacionista.
A sua ideologia, baseada na defesa de um “Ocidente cristão” em perigo, encontra eco entre partidos de extrema-direita europeus que se opõem a questões como a imigração e a integração europeia. Esta influência vinda dos EUA não só enfraquece a unidade da UE, como estimula os países europeus a explorarem políticas autoritárias, corroendo a base democrática e criando um campo fértil para forças que põem em causa a estabilidade europeia. A verdade é que vale tudo para derrubar a Europa e cumprir a ideia de "America First,. o que parece ser o único objetivo da América de Bannon/Trump em relação à Europa.
Viktor Orbán: O “Inimigo Interno” da União Europeia
Se Bannon é uma pressão externa, Viktor Orbán representa a ameaça interna que trabalha para desestabilizar a União Europeia por dentro. Orbán defende uma “democracia iliberal”, onde a autonomia do poder judicial, a liberdade de imprensa e os direitos das minorias são colocados em segundo plano face ao poder centralizador. Esta abordagem colide com os princípios da União Europeia, gerando uma crise de identidade e de valores na organização. Orbán tem sido uma voz ativa na defesa de uma Europa das Nações, onde cada país poderia moldar a sua política sem interferência de Bruxelas, o que enfraquece a ideia de uma União Europeia coesa e solidária.
A sua relação próxima com figuras ultraconservadoras, como Bannon, reforça o risco de que outros líderes europeus de direita sigam o seu exemplo, desmantelando as bases democráticas e transformando a UE num espaço fragmentado de interesses nacionais, onde os valores de liberdade e igualdade perdem terreno para a concentração de poder e a repressão.
Vladimir Putin e a Estratégia de Desestabilização
A Rússia de Vladimir Putin representa um terceiro eixo de pressão sobre a Europa, através de uma política que mistura agressão direta e guerra híbrida, com campanhas de desinformação e apoio a movimentos separatistas e eurocéticos. O objetivo de Putin é claro: uma Europa dividida e politicamente frágil é mais fácil de manipular e representa uma menor ameaça ao poderio russo. Desde a anexação da Crimeia em 2014 até ao apoio contínuo a movimentos separatistas na Ucrânia, Putin demonstrou que está disposto a utilizar todos os meios para enfraquecer a Europa.
Além disso, a Rússia utiliza uma sofisticada máquina de desinformação, espalhando propaganda e fake news que visam influenciar a opinião pública europeia, promovendo a desconfiança nas instituições da UE e encorajando movimentos que apoiem a saída dos seus países da União. A recente guerra na Ucrânia também trouxe à tona o poder energético que a Rússia tem sobre alguns Estados-membros, usando o fornecimento de gás e petróleo como arma política para dividir a Europa. Países como a Hungria de Orbán, com fortes laços energéticos com a Rússia, podem servir como “cavalos de Troia” dentro da própria União Europeia, ampliando a influência russa de forma insidiosa.
A União Europeia entre a Pressão Interna e Externa
A confluência destas três pressões - o ultraconservadorismo americano, o nacionalismo europeu de figuras como Orbán, e o autoritarismo russo - cria um ambiente hostil para a União Europeia. Cada uma destas forças mina, à sua maneira, os princípios fundadores da UE: a democracia, a cooperação entre nações e a promoção dos direitos humanos. Enquanto Bannon promove a dissidência ideológica, Orbán encoraja uma desintegração política interna, e Putin aposta numa estratégia de desestabilização e manipulação que alimenta estas divisões.
A resposta da União Europeia a estas ameaças será decisiva. A Europa precisa, mais do que nunca, de consolidar a sua união interna e de reforçar os valores democráticos que sustentam a organização. Medidas como a diversificação das fontes energéticas para reduzir a dependência da Rússia, o combate à desinformação, e a resposta firme a líderes que desafiam os valores europeus são essenciais para garantir a sobrevivência do projeto europeu.
Conclusão
A Europa encontra-se numa posição vulnerável, atacada por pressões externas e internas que tentam moldar o futuro. Com Steve Bannon e o ultraconservadorismo a ganhar força nos EUA, Orbán a desafiar a UE por dentro, e Putin a fomentar divisões, a União Europeia precisa de responder com firmeza. O projeto europeu, que nasceu como uma garantia de paz e cooperação no continente, está sob ataque de forças que procuram corroer a sua estabilidade e unidade.
Esta “tempestade perfeita” exige que a UE reafirme os seus valores e a sua missão, protegendo o modelo democrático e os direitos humanos que são o alicerce da organização. Sem uma resposta coesa e determinada, a União Europeia corre o risco de fragmentação, tornando-se vulnerável aos interesses nacionalistas e autoritários que têm vindo a crescer, tanto dentro como fora das suas fronteiras.
Deixou de fazer qualquer sentido as posturas de alguma esquerda em relação à União Europeia, que passa por situação tão crítica. A ideia que a União Europeia representa um instrumento das potências capitalistas e imperialistas, que promove políticas contrárias aos interesses dos trabalhadores e da soberania nacional, é hoje totalmente absurda. A saída do euro e da própria EU, é o que de mais reacionário se pode advogar atualmente, pois coincidem, com o que é defendido pelas forças mais tenebrosas dos USA, que claramente desejam a destruição da Europa. Mesmo posições mais moderadas de critica à UE, que possam fazer sentido, têm que ser nesta fase feitas com todas as cautelas, pois as forças radicais de direita e extrema direita, saberão utiliza-las a seu favor. Estamos fartos de uma Europa ingénua, que se deixa atacar, sem responder à altura. A Europa é agora o último bastião da democracia, da decência e da defesa dos direitos cívicos e humanos.
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades" é uma expressão que reflete a natureza mutável das opiniões, desejos e valores ao longo do tempo. imortalizada por Camões num dos seus sonetos, onde reflete sobre a impermanência e a transformação inevitável da vida e das coisas. Tal como as marés mudam, também os contextos sociais, políticos e pessoais nos influenciam, alterando prioridades e vontades. Este conceito aplica-se tanto a indivíduos quanto a sociedades inteiras, lembrando-nos que, para enfrentar os novos desafios, é necessário adaptarmo-nos e estarmos abertos a novas perspetivas e mudanças.
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