por Firminiano Maia
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A Ideia que ocupa a Mente que comanda a Mão que empunha o Machado
"O Machado"
Texto #4
4 - O Machado
O presente escrito é a quarto e último de um conjunto de quatro textos sobre o eurosianismo e as consequências práticas da sua presença enquanto ideologia de regime da Federação Russa. Ressalvamos o facto de o euroasianismo não ser oficialmente assumido como ideologia do Estado Russo. No entanto, está presente em todos os níveis da administração do estado, do ensino, do aparelho militar, e da comunicação social estatal e conexos privados sob controle político. Atesta-o o facto de um grande número de responsáveis políticos e militares emitem declarações e atuações conformes e de ser abertamente defendida, sem subterfúgios, pelos meios de comunicação estatais e/ou controladas pelo governo.
Há uma corrente timorata nos países ocidentais que apelam à paz na Ucrânia, que defende que “resolvida” a “questão” da Ucrânia a Rússia se ficaria por ai. Não estão a ouvir o rufar dos tambores e o ritmo das botas que ressoa em pano de fundo. Ou pior ainda: Contrariamente ao espírito da velha canção “Vemos ouvimos e lemos, não podemos ignorar”, vemos, ouvimos e lemos mas mesmo assim decidimos ignorar.
Nós porém, entendemos com clareza a mensagem que os cultores do euroasianismo na versão Putinista, querem transmitir e afigura-se evidente a sua implantação no governo e instituições da Rússia da sua matriz ideológica do seu expansionismo imperialista, racista e místico:
Imperialista por sujeitar nações integrantes da Federação ao seu domínio ou satelização e pretender fazê-lo estendendo-o a outras nações.
Racista porque, embora a superioridade rácica dos povos eslavos não seja oficialmente defendida ela encontra-se subentendida entre linhas em quase todas as proclamações. A própria ideia do destino da Rússia, única capaz de liderar o projeto euroasiático, única capaz de unir os povos eslavos e de mudar o mundo a única cuja cultura deve prevalecer na zona do globo que considera sob sua responsabilidade é uma ideia de superioridade rácica e cultural. Seria interessante, por exemplo, ouvir os testemunhos dos estudantes africanos que ainda se mantêm em Moscovo.
Mística, porque quando fala na defesa da da tradição, não está a falar na defesa do folclore ou da receita do borcht ou do blini. Trata-se de um misticismo de seita, duma concubinagem teológica com correntes ocultas sob a capa da Igreja Ortodoxa Russa a qual, parece mais interessada na “operação militar especial” do que na salvação das almas.
Esse expansionismo comporta custos para todos. Desde logo para o próprio povo russo.
Mas não só. São também suportados e produzem efeitos. Óbvios na Europa dada a estratégia de cerco posta em prática de isolamento dos EUA e prossegue em África, na América Latina, na Ásia, na Antártida e no Ártico.
São custos humanos, económicos, ambientais e outros não quantificáveis, imprevisíveis e alguns inqualificáveis quer porque literalmente, não são passíveis de categorização, quer pelo inqualificável cortejo de desgraças, delapidação patrimonial e geração de fome, doença, miséria e morte que a Rússia de Putin, tem imposto a alguns dos seus próprios cidadãos e a outros países ou nações como a Chechénia e a Ucrânia mais recentemente.
- Se em “ A Ideia” abordámos os fundamentos filosóficos que remontam a Heidegger (O filósofo preferido de Hitler)
- Se em “A Mente” tratámos da Ideologia que veicula essas ideias e determina, essa vontade de expansão: O euroasianismo
- Se em “A Mão” enumerámos métodos e meios para por em prática os desígnios do euroasianismo, mormente as instituições que lhe podem dar expressão prática.
Em “O Machado” debruçar-nos-emos sobre os resultados e os custos da sua imposição no terreno concreto da existência das nações e da vida quotidiana das pessoas humanas.
Neste artigo, tentaremos portanto, deixar o campo abstrato das ideias e ideologias em favor de factos concretos e da realidade dos números.
Eis os golpes desferidos pelo machado do regime putinista no seu próprio povo e nas nações agredidas.
4.1 A doutrinação do Povo Russo e a propaganda de guerra
O primeiro aspeto a considerar é a preparação psicológica e a massiva lavagem cerebral a que o povo russo tem sido sujeito, com o objetivo de o levar a aceitar a guerra, a repressão, a degradação da vida quotidiana e, sobretudo, as mortes resultantes da constante beligerância desde o início do século.
É fundamental ter em mente que, fruto da repressão, da eliminação da oposição e da inexistência de meios de comunicação social independentes, o povo russo é exposto exclusivamente à informação (e propaganda) veiculada pelos canais oficiais do Estado. Como acontece com toda a propaganda de guerra, esta apresenta características deliberadamente enfatizadas para reforçar a "causa".
4.1.1 Características da Propaganda de Guerra
A propaganda de guerra desempenha um papel crucial afim de moldar perceções públicas e garantir apoio às ações militares de um Estado. As suas características principais incluem:
- Demonização do Inimigo
Humanização seletiva: Retratar o inimigo como desumano, cruel e imoral, para justificar ações agressivas ou repressivas. Exemplos: O uso de caricaturas racistas para representar inimigos como monstros ou animais.
- Exaltação da Causa Própria
Moralidade superior: Apresentar a guerra como justa e necessária, promovendo a ideia de que o próprio lado luta por valores nobres como liberdade, justiça ou paz.
- Simplificação da Realidade
olarização: Reduzir conflitos complexos a uma luta entre “bem” e “mal”, criando um clima de exaltação e emocionalidade.
- Uso de Meios de Comunicação de Massas
Controlo de informação: A propaganda de guerra utiliza jornais, rádio, televisão e, mais recentemente, redes sociais, para disseminar mensagens específicas.
- Mobilização Emocional
Apelos ao medo e ao orgulho: Utiliza imagens e discursos para provocar emoções fortes, como medo do inimigo ou orgulho nacional.
- Desinformação e Boatos
Propagação de falsidades: Espalhar informações enganosas ou exageradas sobre os sucessos militares do próprio lado ou os fracassos do inimigo.
- Silenciamento de Dissidências
Censura e repressão: Impedir ou desacreditar vozes críticas que questionem os objetivos ou métodos da guerra.
- Apelo à Unidade Nacional
Foco na identidade comum: Promove o sentimento de união entre os cidadãos contra uma ameaça externa, minimizando divisões internas.
- Uso de Testemunhos e Relatos Emocionais
Histórias pessoais: Apresentar histórias de soldados heroicos ou civis afetados pela guerra para gerar empatia e apoio.
4.2 - O cancioneiro da propaganda
O conjunto de citações de responsáveis ou figuras influentes dos media russos, são “canções” constantemente entoadas e passadas em todos os media, algumas das quais transcrevemos de seguida. A sua transcrição pode ajudar o leitor a entender o estado de espírito reinante que se foi criando no país e sobretudo nas forças armadas. É com esse estado de espírito que os militares russos partem para a frente, e deixam uma pista para compreender a razão das atrocidades cometidas no campo de batalha.
Esta mostra do discurso oficial e oficioso, barbaridades diariamente despejadas sobre o povo russo, pode permitir um melhor entendimento da situação com que o ocidente está a lidar. Não se trata de um filme da aventuras na TV que se veja no conforto do sofá. Trata-se de uma ameaça real e talvez iminente.
O facto da maioria dessas declarações serem suscetíveis de enquadramento na estratégia russa de desumanização do inimigo em contexto de propaganda de guerra, não diminui em nada a sua crueldade e brutalidade, nem deixa qualquer dúvida quanto às suas intenções quanto ao futuro da nação ucraniana, seu povo e da sua identidade cultural e nacional, cujo destino será a completa obliteração em caso de vitória russa.
Temos esperança de que a sua leitura concorra para a compreensão da ameaça que paira sobre a Europa e nos desperte de vez do sono letárgico em que nos deixámos cair.
“Precisamos de matar, matar e matar (Ucranianos), digo-vos eu enquanto professor”Alexander Dugin 2014 ,Pai do euroasianismo e figura influente junto de Putin.
“Vamos esmagar esse mal como faríamos se fossem meros insetos maçadores. Constituiremos uma muralha, par defesa da nossa terra, que honre as tradições do seu povo e salvaguarde os seus valores espirituais”: Escrito por Ramzan Kadirov aliado de Putin e Dirigente máximo da Chechénia (23/5/2023no Telegram)
“Esses são simples animais. Não precisam de ser “agitados” para perderem a sua forma humana. Já não têm forma humana. Não há piedade para nenhum deles, nem para um deles. O exercito russo luta contra zombies. Luta contra mortos vivos saídos das sepulturas tal como se vê nas séries de televisão”- Estação de televisão estatal russa, apresentador Sergey Mardan em Março de 2023
“O Porco é uma bem conhecida e popular imagem que simboliza a Ucrânia. Para tornar a imagem mais ilustrativa, cobrimo-lo com a bandeira da Ucrânia. Tiramos-lhe uma fotografia para obter uma demonstração visual que demonstre o destino da Nação Ucraniana. O mesmo desse porco.” Conferencista não identificado mas militar russo uniformizado numa escola em Nizhny Novogo em 29 de Março de 2023, exibindo simultaneamente a fotografia de um porco morto coberto com uma bandeira ucraniana.
"A desparasitação de um gato é uma tarefa rotineira para um veterinário, uma guerra contra os vermes e pra a higiene do gato.” – Vladimir Solovyov, um dos mais proeminentes apresentadores russos no Canal Rússia 1 da televisão estatal, no programa “a Tarde com Vladimir Solovyov”a 19 de Julho de 2022
“(As crianças ucranianas) deveriam ter sido afogadas no rio Tysyna, ali mesmo onde nadam os patinhos. Afoguem essas crianças, afoguem-nas no Tysyna… qualquer um que afirme que a Rússia os ocupou, atirem-nos ao rio, atirem-nos para o rio com uma corrente forte... atirem-nos para dentro das as casas e queimam-nas…..Não é suposto existir uma Ucrânia”- Anton Krasovskyi, Ex diretor de emissão do canal RT financiado pelo estado russo a 23 de Outubro de 2022
“Os opositores à letra Z devem compreender que se estão a contar com misericórdia, não haverá misericórdia para com eles. Isto vai ficar muito sério para eles, o que neste caso significa campos de concentração, reeducação e esterilização” – O cineasta soviético-russo e porta-voz de Putin, Karen Shakhnazarov, a 4 de maio de 2022.
“Mataremos tantos de vós quantos for necessário. Mataremos 1 milhão, ou 5 milhões; podemos exterminar-vos a todos até compreenderem que estão possuídos e que têm de ser curados”, -Pavel Gubarev, um político russo e um dos fundadores da República Popular de Donetsk, localizada no território ocupado pela Rússia do Oblast de Donetsk. em Outubro de 2023.
“Esta língua [ucraniana] não deveria existir... Nem esta nação [ucraniana] nem esta língua deveriam existir! Limpem tudo, limpem todas as suas fontes”,-Aleksei Didenko, membro da Duma russa, em 25 de maio de 2023, numa conferência na Duma.
“As pessoas perguntam-me muitas vezes porque é que as minhas mensagens no Telegram são tão duras. A resposta é: Odeio-os [ucranianos]. São escumalha e degenerados. Querem a nossa morte, a da Rússia. E enquanto eu for vivo, farei tudo para os fazer desaparecer”, Dimitri Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança russo, a 7 de junho de 2022, no Telegram.
"Ucrânia precisa ser purgada dos idiotas. O genocídio dos cretinos se impõe por si só. Cretinos malignos, fechados para a voz do Logos, mortalmente perigosos e... ao mesmo tempo incrivelmente estúpidos. Eu não acredito que sejam ucranianos. Os ucranianos são um belo povo eslavo. Esta é alguma raça de desgraçados que surgiu das tampas dos bueiros."- Aexander Dugin sobre os ucranianos
Propaganda russa em ação
4.3 – Consequências
4.3.1 - Consequências Económicas desde a invasão da Crimeia em 2014
Comparemos os países a Rússia, Ucrânia, EUA, França, Reino Unido, Espanha, a Polônia, Hungria e China em termos de PIB nominal e PIB per capita desde 2014, com dados absolutos e em percentagens de crescimento. Desconhecemos que impacto terá no PIB da Rússia a recente militarização da economia, que aparentemente gerou cerca de 300,000 postos de trabalho, bem como a influência do apoio dos países aliados a que Putin tem recorrido. Duvidamos porém que constituam apoios com peso suficiente para inverter drasticamente a tendência de perda.
Deste conjunto de países, neste período 2014- 2023, isto é, desde a invasão da Crimeia, a Rússia foi único pais cujo PIB regrediu. Isso significa que em vez de produzir mais riqueza, em 2023 do que em 2014, pelo contrário, produz menos.(- 20,9%)
4.3.1.1 - Evolução do PIB Nominal (em US$ bilhões)
Análise do PIB Nominal da Rússia: (Para maior detalhe ver QUADRO I no final do artigo)
Rússia: O PIB da Rússia caiu 21% desde 2014 devido à combinação de sanções econômicas, a queda nos preços do petróleo e o impacto direto da guerra com a Ucrânia. A economia russa foi severamente afetada pela guerra de 2022 e pelas sanções internacionais.
Os presentes números refletem a realidade desde a invasão russa da Crimeia até ao primeiro ano da guerra da Rússia na Ucrânia, tanto no que toca ao PIB nominal como ao PIB per capita
4.3.1.2 Análise do PIB per capita da Rússia:
(Para maior detalhe ver QUADRO II no final do artigo)
O PIB per capita da Rússia caiu 21,4%, refletindo os desafios económicos e uma quebra no nível de vida da população russa, exacerbada pela guerra e pelas sanções. A contração do PIB nominal refletiu-se diretamente na queda do PIB per capita. E portanto, no bolso dos cidadãos russos.
O que importa sublinhar é que, para além das baixas humanas diretamente resultantes dos teatros de operações, e da militarização da economia o Povo Russo tem vindo a sofrer um empobrecimento progressivo.
4.3.2 - Consequências das guerras russas sob o consulado de Putin
As primeiras vítimas das guerras de Putin são os próprios soldados russos. Os números que apresentaremos resultam de uma abordagem conservadora e baseiam-se em publicações da ONU, do Banco Mundial, de ONGs e de institutos especializados.
Trata-se de organizações responsáveis que reportam apenas o que é possível comprovar. A informação disponível, na sua maioria, não vai além de 2023 ou do primeiro trimestre de 2024. Por outro lado, a opacidade ou mesmo a inexistência de informação proveniente dos beligerantes obriga a que alguns números sejam estimados com base em métodos e rácios comprovados pela realidade de outros conflitos.
É o caso, por exemplo, do número de militares chechenos feridos na segunda guerra da Chechénia ou das baixas do lado sírio e rebelde, onde os dados disponíveis misturam números do Estado Islâmico, curdos e outros grupos. Mesmo assim, essas estimativas são extremamente conservadoras e apresentam a aproximação possível à realidade.
As informações provenientes de qualquer dos beligerantes não são fiáveis, sendo, na maioria das vezes, simples propaganda de guerra. As organizações e instituições que merecem alguma confiança são geralmente conservadoras nos seus relatórios, mas também vítimas da falta de transparência generalizada.
É, portanto, de temer que a situação concreta nos campos de batalha russos seja bastante mais grave do que o reportado. Ainda assim, mesmo com uma abordagem conservadora, os números disponíveis são assustadores. Ei-los:
4.3.2.1 - As Primeiras e Segundas Guerras na Chechénia: Impactos Humanos e Materiais
Contexto Histórico das Guerras na Chechénia
A Primeira Guerra da Chechénia (1994-1996) e a Segunda Guerra da Chechénia (1999-2009) foram conflitos que surgiram do desejo de independência da região da Chechénia em relação à Rússia, após o colapso da União Soviética. Estas guerras foram marcadas por uma violência extrema, grandes perdas humanas e destruição maciça.
4.3.2.1.1. Primeira Guerra da Chechénia (1994-1996)
Baixas Militares
- Rússia
Mortos: Estimativas entre 5.000 e 7.500 soldados
Feridos: Aproximadamente 20.000.
- Chechénia (combatentes separatistas)
Mortos: Entre 3.000 e 4000 combatentes.
Feridos: Cerca de 8.000.
Baixas Civis
Mortos: Entre 30.000 e 50.000 civis.
Feridos: Aproximadamente 50.000.
Populações Deslocadas
Refugiados e deslocados internos: Mais de 500.000 pessoas fugiram das zonas de conflito, principalmente para a Inguchétia e outras regiões do Cáucaso.
Prejuízos Materiais
Estima-se que a destruição de infraestruturas e edifícios tenha gerado prejuízos na ordem dos 5 a 10 mil milhões de dólares
4.3.2.1.2 - segunda Guerra da Chechénia (1999-2009)
Baixas Militares
- Rússia:
Mortos: Cerca de 7.500 soldados
Feridos: Estimativas variam entre 15.000 e 20.000.
- Chechénia (combatentes separatistas e islamitas):
Mortos: Entre 10.000 e 15.000 combatentes.
Feridos: Indeterminados, mas presume-se que milhares.
Baixas Civis
Mortos: Estimativas variam entre 25.000 e 50.000 civis.
Feridos: Cerca de 100.000 civis.
Populações Deslocadas/Refugiadas 300.000.
Prejuízos Materiais
A destruição causada por esta guerra é calculada em mais de 15 mil milhões de dólares. A capital, Grozny, foi quase totalmente destruída.
Impacto Global e Regional
Os conflitos deixaram marcas profundas na população e nas infraestruturas da Chechénia. Os sucessivos bombardeamentos de Grozny, por exemplo, foram classificados como um dos ataques mais devastadores a uma cidade moderna desde a Segunda Guerra Mundial.
Consequências Humanitárias
Crise humanitária: A guerra deixou centenas de milhares de pessoas em condições de extrema pobreza e sem acesso a cuidados básicos.
Abusos de direitos humanos: Foram relatados massacres, desaparecimentos forçados, tortura e outras graves violações de direitos humanos tanto por parte das forças russas como dos combatentes separatistas.
As Guerras da Chechénia não foram apenas conflitos locais, mas sim episódios de brutalidade que evidenciaram tensões entre a busca de autonomia de uma região e o desejo de controlo centralizado do Estado russo. As perdas humanas e materiais ainda pesam sobre a memória da população chechena, enquanto a região continua a viver sob forte influência russa e com um legado de devastação.
Ironicamente, a “firmeza” demonstrada por Putin já primeiro ministro de Yeltsin valeu-lhe a popularidade suficiente para ascender à chefia do Estado Russo, com a fama de redentor do orgulho russo ferido pela derrota na “guerra fria”.
O resultado dessa "firmeza" está à vista.
4.3.2.1.3 - O Conflito na Geórgia (2008): Impactos Humanos e Materiais
- Contexto Histórico
O conflito na Geórgia de 2008, também conhecido como a Guerra Russo-Georgiana ou a Guerra dos Cinco Dias, teve lugar entre 7 e 12 de agosto de 2008. Foi desencadeado por tensões de longa data nas regiões separatistas da Ossétia do Sul e da Abecásia, que procuravam independência da Geórgia, com o apoio da Rússia.
- Baixas Militares e Civis
Baixas Militares
- Rússia:
Mortos: Cerca de 67 soldados.
Feridos: Aproximadamente 283 soldados.
- Geórgia:
Mortos: Entre 170 e 200 soldados
Feridos: Aproximadamente 1.000 soldados.
- Baixas Civis
Ossétia do Sul e Geórgia
Mortos: Estimativas variam entre 228 e 300 civis (incluindo os mortos em ambos os lados da fronteira).
Feridos: Cerca de 500 civis.
Populações Deslocadas e Refugiadas
Deslocados internos e refugiados:
Aproximadamente 192.000 pessoas foram deslocadas durante o conflito.
Destes, cerca de 30.000 georgianos não puderam regressar às suas casas na Ossétia do Sul e na Abecásia.
Prejuízos Materiais
Destruição de infraestruturas: Edifícios residenciais, escolas, hospitais e infraestruturas básicas foram destruídos ou danificados.
A capital da Ossétia do Sul, Tskhinvali, sofreu danos significativos devido a bombardeamentos.
Prejuízos económicos estimados:
O custo da destruição foi calculado em cerca de 1 milhão de dólares
Consequências Humanitárias e Políticas
- Crise humanitária:
Muitas das pessoas deslocadas continuam em situação precária, e os esforços de reconstrução foram dificultados pelas tensões políticas na região.
- Reconhecimento internacional:
Após o conflito, a Rússia reconheceu a independência da Ossétia do Sul e da Abecásia, uma posição que a maioria da comunidade internacional não aceita.
- Impacto geopolítico:
O conflito agravou as relações entre a Rússia e o Ocidente, destacando as fragilidades nas tentativas de estabilização da região do Cáucaso.
Embora o conflito tenha sido curto, as suas repercussões humanas e materiais foram significativas. As vidas perdidas, os deslocamentos em massa e os danos infraestruturais continuam a pesar sobre a Geórgia e as regiões separatistas, perpetuando um estado de tensão e instabilidade na região.
4.3.2.1.4 - O Conflito na Síria (desde 2011 e ainda em curso)
O conflito na Síria, iniciado em 2011, causou destruição e perdas humanas devastadoras. Até 2021, estima-se que o conflito tenha resultado em cerca de 400.000 a 560.000 mortes totais, incluindo mais de 300.000 civis. Estes números incluem vítimas de bombardeamentos, ataques químicos e outras formas de violência direta. Entre as principais causas das mortes civis estão armas pesadas e ataques aéreos, frequentemente conduzidos por forças sírias e russas
Baixas militares
- Rússia: Registos indicam entre 200 a 300 militares russos mortos oficialmente, embora algumas estimativas de fontes não oficiais, incluindo perdas de mercenários como os do grupo Wagner, sugiram números maiores.
- Síria: As forças governamentais sírias sofreram dezenas de milhares de baixas, mas os números precisos são difíceis de verificar.
- Rebeldes e grupos jihadistas: Estima-se que mais de 100.000 combatentes tenham sido mortos,
incluindo membros de grupos como o Estado Islâmico
Fonte:Deutsche Welle
- Impacto civil e humanitário
O conflito forçou mais de 6 milhões de pessoas a deslocarem-se internamente, enquanto 5,6 milhões de sírios procuraram refúgio no estrangeiro. A destruição material também é colossal, com cidades como Alepo e Homs severamente devastadas. O custo da reconstrução foi estimado em centenas de bilhões de dólares, mas ainda não há consenso claro sobre o valor exato
- Contexto e persistência do conflito
O envolvimento de potências externas como a Rússia e o Irão no apoio ao regime de Bashar al-Assad, bem como o apoio da Turquia e dos EUA a diferentes fações, complicou a resolução do conflito. Até hoje, a Síria permanece altamente fragmentada, com áreas controladas por forças diversas e grande parte da população vivendo na pobreza extrema
Durante a feitura deste artigo, as forças sírias de Bashar-al Assad eos seus aliados Russos e Iranianos sofreram uma derrota definitiva.A situação que resultou da queda do regime Baath pode constituir o primeiro grande revés da política internacional de Putin e dos ayatolas de Teerão. Porém,afigura-se-nos que a coligação vencedora composta por grupos historicamente rivais e apoiados por diferentes potência, não conseguirá manter a estabilidade no país. Estamos já a elaborar um artigo sobre a situação na Síria.o qual será publicado muito brevemente.1
4.3.2.1.5 - A Guerra russa na Ucrânia.
A invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, causou enormes perdas humanas e materiais. Aqui estão os principais números estimados até agora:
Baixas Militares
- Rússia: Cerca de 120 mil soldados mortos e entre 170 mil e 180 mil feridos. -
- Ucrânia: Aproximadamente 70 mil militares mortos e entre 100 mil e 120 mil feridos
Fonte: Deutsche Welle
- Vítimas Civis
- Mortos: Cerca de 9.444 civis confirmados, mas estima-se que o número real seja muito maior devido à falta de dados em regiões ocupadas ou sitiadas.
- Feridos: Pelo menos 16.940 civis feridos
Fonte: Deutsche Welle
- Deslocados e Refugiados População Deslocada
Mais de 5 milhões de ucranianos Refugiados:
Cerca de 8 milhões de refugiados ucranianos em outros países
- Prejuízos Materiais
A destruição de infraestruturas civis e militares na Ucrânia é avaliada em mais de $700 mil milhões, abrangendo edifícios, estradas, pontes e instalações industriais
.
Este conflito é um dos mais devastadores da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com um impacto humano e económico massivo.
Os últimos dados fornecidos sobre a invasão russa da Ucrânia referem-se ao estado do conflito até agosto de 2023. As informações incluem estimativas de baixas militares e civis, populações deslocadas e prejuízos materiais, baseadas em fontes como o New York Times e o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUR). Estes números foram relatados por órgãos como a DW e têm como base tanto dados oficiais quanto estimativas de analistas e organizações internacionais
4.4 -Perdas humanas e materiais originadas pelos conflitos da Federação Russa sob o mando de Putin
(Para maior detalhe ver QUADRO III no final do artigo)
As perdas humanas de militares russos e das nações por eles agredidas de cívis surpreendidos pelos conflitos contam-se por 27 Milhões de seres humanos, sendo aproximadamente 2.000.000 de mortos ou feridos e cerca de 25.000.000 de refugiados .
Ivan " O terrível" não chegou tão longe e, fico na dúvida de qual será o cognome que a História atribuirá ao atual Czar: Putin o Grande o Putin o Carniçeiro?
-
4.5 -Dificuldades Políticas da Rússia de Putin
Putin enfrenta dificuldades políticas que só o tempo dirá quais as consequências que daí poderão resultar. A verdade é que o "passeio" da famosa "operação militar especial" destinada a "acolher os irmãos eslavos" ucranianos em uma ou duas semanas, dura há já três anos e Putin já teve que efetuar mobilizações com as quais não contava.
Ao mesmo tempo os caixões dos soldados mortos vão chegando ás aldeias e vilas russas. Putin teme ter que decretar uma mobilização geral e tem procurado evitar a todo o custo que a mortandade da frente ucraniana afete as principais cidades do país.
4.5.1 – Exércitos mercenários e norte coreanos nos campos de batalha
Desde o ínicio da invasão da Ucrânia que a propaganda interna russa tem tentado passar uma imagem de normalidade, como se não estivesse em guerra, particularmente nas grandes cidades onde os efeitos da guerra, a serem sentidos, poria em risco a aceitação de perdas humanas significativas, bem como a degradação da vida quotidiana para lá de limites aceitáveis.
Para o evitar, as autoridades tem recorrido processos de mobilização e recrutamento "criativos" nomeadamente:
Recrutamento de prisioneiros de delito comum
Utilização de organizações mercenárias como o Grupo Wagner
Recrutamento de Mercenários sírios
E finalmente a requisição de militares Norte Coreanos em números que poderão atingir a centena de milhar
4.5.2 - Reativação das Unidades de Punição e Controle de Deserção de Stalin
Putin está consciente da falta de fiabilidade do exercito russo, cuja moral é suscetível de sofrer quebras acentuadas, e não esquece as debandadas gerais que ocorreram na 1ª Grande Guerra e levaram à queda do Czar, nem as massivas deserções quando na 2ª Grande guerra a frente russa colapsou sob o ataque alemão.
Por isso foi ao baú do estalinismo desencantar as tristemente célebres Unidades Militares de Punição e Controle especialmente encarregadas de lidar com soldados que fogem do campo de batalha ou que se recusam a lutar. Essas unidades têm a função de reprimir a deserção, atacar recuos desordenados ou caçar os que abandonam suas posições durante o combate, deteta-los recaptura-los e puni-los
Punições para Deserção
As punições para os soldados que abandonam o campo de batalha, especialmente em tempos de guerra, podem ser extremamente severas, dependendo da situação política e militar. Na Rússia, como em outros regimes autoritários ou militares, as penalidades podem incluir:
- Execução sumária: Fuzilamento
- Prisão e campos de trabalhos forçados: Detenção em unidades de punição
- Julgamento em tribunais militares
4.5.3 - A Doutrina Militar Russa Contemporânea no que toca à justiça militar
Na Rússia moderna, a punição da deserção continua sendo um tema de grande importância dentro do exército russo, especialmente em tempos de conflitos armados como a invasão da Ucrânia.
O regresso da Pena de Morte e as Práticas de Execução
Embora a pena de morte tenha sido abolida para crimes civis, ela não foi completamente extinta nas forças armadas e em tempos de guerra, especialmente em relação a crimes militares graves como deserção em massa ou atos de traição.
Deserção e Consequências no Contexto Atual
A deserção tem sido uma questão delicada no contexto da invasão russa da Ucrânia. Têm sido relatados casos de que algumas unidades russas começaram a desintegrar ou a perder a moral devido a pesadas baixas e à falta de recursos. desertores.
Embora não nos tenha chegado conhecimento de execuções oficiais a realidade é que já terão ocorrido é que, a possibilidade da sua aplicação permanece nas leis militares.
4.6 - A Ideia que ocupou a Mente que comandou a Mão que empunhou o Machado em ação
veio por fim traduzir-se como se segue, num trágico cortejo de vidas ceifadas, migrações forçadas destruição doença e fome:
- Baixas militares da Rússia 337.650
- Baixas Militares de nações agredidas 689.200
- Baixas civis nessas nações 827.184
- Total de vidas perdidas 1.874.'034
- Refugiados 25.592.000
-Destruição de bens e infraestruturas 952.000.000K U$ (Novecentos e cinquenta e dois mil milhões de Dólares
- O Equivalente em vidas humanas a 37 estádios de futebol com 50.000 espetadores cada
- Em refugiados , o equivalente a cerca do triplo da população de Portugal desalojados e procurando refúgio
- Em prejuízos, o equivalente a 3,5 vezes o PIB Português, isto é toda a riqueza gerada em Portugal em três anos e meio de trabalho
Mas, apesar de toda a tragédia, a ambição imperial euroasianista de Vladimir Putin, está ainda longe de satisfeita. Europa e os países de regime democrático estão e estarão na linha de fogo. Assim saibamos tomar as decisões necessárias e estar à altura da História
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