"Self-Portrait/Nursing" (2005)

Obra de Catherine Opie

Nesta fotografia, a artista apresenta-se enquanto amamenta o seu filho, numa imagem que celebra a maternidade e a intimidade corporal. Ao mesmo tempo, a obra confronta os estereótipos em torno das famílias “queer”- famílias promovem novas formas de amor, cuidado e parentalidade, e questiona as noções tradicionais de género, maternidade e sensualidade.

A beleza é frequentemente associada à moda e à feminilidade. A sua construção na cultura pop é algo que sempre procurei explorar de diferentes formas no meu trabalho como fotógrafa. No entanto, a beleza é complexa; é uma resposta profundamente pessoal à forma como vivemos as nossas vidas, mas pode também refletir qualidades como a bondade e a compaixão.

Não acredito que a verdadeira beleza possa ser facilmente definida, pois, quando isso acontece, corre o risco de se tornar um cliché. Identifico-me como lésbica, sou uma mulher de corpo grande e, embora por vezes tenha dificuldades em aceitar o meu corpo, continuo a considerá-lo bonito, sobretudo pelas suas capacidades. Os artistas que desafiam a ideia de que apenas certos tipos de corpo ou pessoas merecem valorização estão a mostrar que aquilo que é visto como "o outro" também pode ser belo.

Vejo uma enorme beleza em ser política e intelectual. A beleza não é algo apenas superficial; também pode residir na vida pessoal e nas suas ideologias, que muitas vezes são contraditórias. Pode criar uma estética própria em torno dessas ideias, atrair as pessoas através de um elemento de beleza e, ao mesmo tempo, desafiar esses limites ao levantar questões.

Para mim, é igualmente importante criar fotografias que convidem as pessoas a realmente ver, a serem cativadas, em vez de apenas olharem superficialmente. A beleza, para mim, também passa por ser acolhida e abraçada, tanto emocional como fisicamente.

Tive uma experiência profundamente tocante com uma série de três retratos captados pela fotógrafa holandesa Rineke Dijkstra em 1994. Estas imagens mostram três mulheres no hospital, logo após o parto. Estão nuas, a segurar os seus recém-nascidos, com alguns vestígios de sangue a escorrer pelas pernas ou cicatrizes de cesariana visíveis. Encontro uma beleza honesta nestas fotografias, e emociono-me com a forma como captam a natureza protetora da maternidade.

Quando engravidei, muitas pessoas da minha comunidade ficaram chocadas. Não se esperava que mulheres com uma aparência como a minha tivessem filhos. No entanto, eu sempre soube que queria ser mãe. Quando dei à luz o meu filho Oliver, em 2002, tirei um auto-retrato enquanto o amamentava, inspirada nas representações clássicas de Nossa Senhora e do menino.