Vamos criar uma teoria da conspiração

O Golpe Silencioso de 2024

As teorias da conspiração começaram por ser um expediente literário para alguns escritores e resultam da aplicação de técnicas intencionais para “obscurecer e baralhar” a realidade que foram apropriadas pela política populista e usadas como arma para gerar o caos. No futuro ainda mais desinformação será gerada para levar os eleitores ao engano.

É importante que saiba identificar e rejeitar essa desinformação. Vamos criar uma narrativa com os ingredientes habituais na produção destas teorias. Trata-se de um ensaio que o vai ajudar a identificar se um conteúdo é verdadeiro ou mentiroso. Nunca ajude a propagar textos que apenas visam criar o caos através da desinformação.

Inspirados num artigo do Times do jornalista David Aaronovitch, revelamos alguns dos “ingredientes" necessários para a construção de uma teoria da conspiração.

1. ESCOLHER UM EVENTO MARCANTE
Para a conspiração resultar, o ideal é que refira um personagem ou acontecimento de grandes proporções, que envolva conflitos, interesses, e desperte polémica e paixões. A versão oficial dos fatos, deve ser contestada...

2.INCLUIR UMA ELITE DE CONSPIRADORES
É importante apontar um grupo de elite com interesse e poder suficiente para manipular a versão oficial de forma a ocultar a verdade do cidadão comum e manter tudo em segredo. As acusações costumam ser vagas, mencionando sociedades secretas, máfias ou organizações ou pessoas de quem todos têm dúvidas.

3. FAZER REFERÊNCIAS AO PASSADO
Referir fatos antigos, verdadeiros ou falsos, reforça a teoria tornando-a mais convincente e parecendo suportada pela história . O argumento ganha ainda mais força quando vem depois da frase “toda a gente sabe que…”

4.COLOCAR PERGUNTAS PERTURBADORAS
Mencionar ocorrências suspeitas e detalhes mal explicados também contribui para a eficácia da teoria. O ideal é introduzir personagens que estariam envolvidos na conspiração e plantar dúvidas na cabeça de quem se interessa pela história.

5.EM BUSCA DA VERDADE
Não existe ninguém dono da verdade – pelo menos não o único dono! Apresentar outros personagens existentes ou inventados, que também buscam esclarecimentos, reforça a credibilidade. Também é importante mencionar um meio de comunicação confiável com outros “abnegados buscadores da verdade”.

6.AMEAÇA IMINENTE
Espalhar o desespero faz as pessoas engolir meias-verdades mais facilmente. Depois de muito argumentar e apontar furos na história, vem a sugestão de que algo terrível acontecerá se a verdade não for revelada.

Finalmente, não há teoria da conspiração eficaz se não for exposta com uma lógica argumentativa interna e não mencionar algumas verdades retiradas do seu contexto.Há, pois, que estar atento a notícias ou narrativas que incluam os elementos enumerados.Serão, com toda a probabilidade manipulações dos factos destinadas a instalar o caos e a desconfiança nos espíritos e nas instituições.

Advertência

Isto é uma teoria da conspiração. Foi totalmente inventada para pôr à prova a metodologia sugerida, e para exemplificar como se constrói a narrativa de uma mentira conspirativa. Repetimos:é uma mentira deliberada e assumida.

• Alguns factos são verdadeiros, mas são organizados ligados e sequenciados de má-fé de acordo com uma lógica que deliberadamente cause danos a pessoas e instituições.

• As pessoas e instituições mencionadas existem. Certamente nenhum dos personagens está na lista das próximas canonizações para santos. Porém são totalmente alheios aos factos que aqui lhes são imputados que repetimos são falsos. É até bem possível que muitos não se conheçam sequer.

• Von der Leyen e Escária estudaram economia em Inglaterra, mas em escolas diferentes, cidades diferentes e épocas distantes de pelo menos 10 anos.

• Desconhecemos por completo qualquer intervenção da Maçonaria. Provavelmente as solidariedades maçónicas desempenharam algum papel em alguns negócios, mas não aqui. Só se menciona a vetusta organização porque calha sempre bem incluir um interveniente misterioso.

• Von der Leyen foi de facto denunciada por fraude pelo negócio de compra de vacinas à Pfizer durante a pandemia. Mas nada se provou.

• Quanto à Pfizer, apenas a conhecemos como beneficiários da sua vacina em 2012. Para além disso não fazemos a mínima ideia das suas presentes atividades. O facto de se incluir na nossa teoria que se estava a preparar o lançamento deliberado de uma nova epidemia destina-se a ilustrar um dos métodos mais bizarros usados.

• Ao serem incluídos na nova teoria conspirativa,factos anteriormente em circulação. transforma em factos irrefutáveis, as mentiras produzidas em anteriores teorias. O monstro alimenta-se da sua própria cauda.

Para ler a montagem da teoria produzida clique aqui >>>